quarta-feira, 28 de outubro de 2009

UMA QUESTÃO DE FUNDO

Diz o Público de hoje que "professores independentes apelam à união da oposição." E, no corpo da notícia pode ler-se, "apelaram ao consenso da oposição na votação dos projectos de lei que visam suspender a avaliação e o ECD."  Esta notícia merece alguns comentários: estes professores são independentes relativamente a quê? A resposta será "relativamente aos sindicatos". O que longe de ser uma virtude, mereceria ser objecto de censura. Os últimos tempos mostraram que, se é verdade que os sindicatos não têm o monopólio da mobilização dos professores, também mostraram que sem os sindicatos não há significativas mobilizações. Proclamar a "independência", isto é, a não sindicalização, como uma virtude e uma mais-valia na luta dos trabalhadores (no caso, os professores) é, teoricamente, uma posição contra os trabalhadores, e é claramente uma posição de direita. E já não colhe a serôdia tese da subordinação dos sindicatos ao PCP. Não só porque a maioria dos sindicatos de professores se situam em outras áreas políticas (nomeadamente o PSD), mas também porque mesmo dentro da Fenprof as listas patrocinadas pelo PCP têm sofrido pesadas derrotas nos maiores sindicatos.
Mas a questão de fundo não é essa. É que é profundamente errado responsabilizar apenas os partidos da oposição. É precisamente isso que Sócrates defende e pretende, de modo a vitimizar-se. Os professores — sobretudo através dos seus sindicatos — devem procurar o apoio da oposição, mas sobretudo têm de exigir ao PS e ao Governo uma solução rápida, justa e negociada destas (e outras) questões.
De resto, o interesse nacional exige que se encerre, de forma adequada e justa, esta questão da avaliação de desempenho e da revisão do ECD — e as propostas da Fenprof são adequadas. De facto, estas matérias não podem ser consideradas como um fim em si mesmas, mas tão só como instrumentos para o essencial: uma escola pública justa e de qualidade.

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