terça-feira, 25 de outubro de 2011

HAJA DECÊNCIA. UM APLAUSO À COMUNICAÇÃO SOCIAL


1. Foi preciso que um jornal o denunciasse para que o sr. ministro Miguel Macedo pusesse fim à fraude “legal” que lhe permitia receber, a título de subsídio para “renda de casa” – de que não precisa –, mais do que a média dos vencimentos dos trabalhadores portugueses. Outros apressaram-se a fazer o mesmo. Duas notas: a pressão da imprensa às vezes dá resultado; falta a esta gente dignidade e ética – deveria ter partido deles próprios a iniciativa de não deturparem uma legislação que até é justa. É aqui que entra um sr. ministro nortenho – Aguiar Branco. Dizendo-se solidário com o seu conterrâneo, decide também prescindir do subsídio de alojamento. Parece não ter percebido que o erro não é haver um subsídio de alojamento para quem tem de mudar de casa por força de funções políticas que lhe são pedidas. O erro é aproveitar essa lei quando não precisa de novo alojamento porque já tem casa própria em Lisboa (arredores neste caso). Manifesto oportunismo de Macedo e de estupidez de Aguiar Branco.

2. Parece que finalmente se vai por ponto final ao escândalo das pensões vitalícias para ex-deputados que auferem vultuosas remunerações nas empresas privadas para onde transitaram (trânsito quantas vezes feito através de favores ministeriais a essas mesmas empresas). Cidadãos que beneficiam dessas generosas pensões após…12 anos de trabalho (não necessariamente intenso nem em tempo integral…). Também aqui a denúncia da comunicação social parece ter sido essencial.

       

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

PERGUNTAS IDIOTICAMENTE INGÉNUAS (2)


1. Será verdade que foi prometido a cada jogador um prémio de 100000 euros se Portugal se apurar para o europeu de futebol? Estou mesmo muito velho: eu pensava que os jogadores estavam na seleção nacional por amor à camisola. São principescamente recompensados por cumprirem o seu dever de futebolistas? É que eu, mesmo cumprindo com excelência o meu dever de professor, não só não recebo nenhum extra por isso, antes me roubam aí uns 25%.  Um futebolista é muito mais importante para o país do que qualquer professor. Enfim, estamos entendidos.

2. O princípio de que tudo se justifica com a invocação do superior interesse público ou do superior interesse nacional (como os roubos dos subsídios, por exemplo) não torna inútil a Constituição? A Constituição de 1933 também garantia uma série inquestionável de direitos políticos, desde que não prejudicassem o interesse da nação…

3. Ainda se lembram do Passos Coelho, em plena campanha eleitoral, garantir a uma jovem de uma escola secundária que podia estar descansada que não se tocaria no salário nem no subsídio de natal do deu papazinho? E a desancar no Sócrates por causa do aumento dos impostos? Foi só há 4 meses. Nisto de mentir, Passos Coelho pode não ser mais rápido que a própria sombra, mas consegue ser mais rápido do que o Sócrates.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

PERGUNTAS IDIOTICAMENTE INGÉNUAS


1. Porque razões se penhoram os bens de pequenos empresários que devem dinheiro ao fisco, e ainda não se penhoraram os bens dos criminosos do BPN que prejudicaram “o fisco” em tantos mil milhões?

2. Não é verdade que quem beneficia de um crime deve ser penalizado? Porque não se penalizam os que beneficiaram da compra de ações do BPN a “preços de amigo”?

3. Tem alguma lógica obrigar parte dos cidadãos a perder dois subsídios enquanto outra parte não perde nenhum?  (Bem sei que os trabalhadores do privado, infelizmente, acabarão também por perdê-los; não a favor das finanças mas das empresas ou dos bolsos dos empresários. Por isso mesmo é que a medida do Passos é absurda e hipócrita. Ou melhor, defende os amigos.)

4. Se em 2013 o país estiver ainda pior do que está – hipótese mais do que provável – a JSD pedirá a criminalização do Passos Coelho?

5. Foi possível um dia internacional dos indignados. Não será possível um dia de greve geral dos países espoliados?

domingo, 16 de outubro de 2011

CLARO QUE VALEU A PENA!

Uma maneira de diminuir a inportância da Manif dos Indignados é insistir na sua comparação com a de 12 de março. É certo que a de 15 de Outubro tinha menos gente. Fundamentalmente porque a direita, que apostara em 12 de março para debilitar o governo de José Sócrates, não esteve nesta, que, de certo modo, foi de contestação ao governo PSD/CD. Em Lisboa, pelo menos, foi uma bela manifestação e devemos dizer isto muitas vezes — não só porque é verdade, mas também para limitar os efeitos da contrainformação. Por outro lado, foi mesmo uma manifestação internacionalista, coisa de sublinhar, nestes tempos em que o internacionalismo proletário se tornou num mero slogan e em que as centrais sindicais mundiais parecem não estar à altura dos acontecimentos.

Mas a continuação exige alguns cuidados:

1. perceber que as chamadas assembleias populares — que nestes processos desempenham um papel simbólico importante — não podem ser vistas como alternativa à democracia representativa. Tal significaria o acentuar do carater antipartidos que ainda era visível em algumas faixas e pancartas. Este populismo, nas atuais circunstâncias, só serve para enfraquecer e dividir.

2. A anunciada nova manif de 26 de Novembro não pode ser inferior a esta (não sei se terá também dimensão internacionalista) e terá que definir muito melhos os seus temas fortes.

3. A indignação é um estado de espírito. Poderá ser um sobressalto ético. Mas não é uma proposta política — e isso é o que é necessário ir construindo.

4. É necessário ir construindo lideranças para que não estejamos sempre no mesmo ponto.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

HORÁRIO DE TRABALHO


De todas as medidas social e ideologicamente conservadoras anunciadas hoje pelo primeiro-ministro, a que mais me choca é o prolongamento do horário de trabalho. A luta pelo horário de trabalho compatível com a “vida” de cada trabalhador constitui das páginas mais belas do operariado mundial. Meia hora que seja de aumento por imposição unilateral tem um inequívoco valor simbólico: a de afronta a quem trabalha.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

15 DE OUTUBRO - ANDAM BOAS INTENÇÕES NO AR


Segundo vou lendo e ouvindo em diversos órgãos da comunicação social, no dia 15 de outubro vários grupos de "indignados" (com essa ou outra designação) desencadearão, um pouco por toda a Europa e Esrados Uhidos da América, um conjunto de ações de protesto e de denúncia do estado de coisas a que este capitalismo selvagem e desumano nos conduziu. Na sua maioria, são o protesto de uma geração de jovens a quem tem vindo a ser negado um qualquer futuro digno desse nome. Mas será também
ocasião para os menos jovens mostrarem a sua repulsa por este sistema que faz do trucidar pessoas o seu alimento, seiva e desenvolvimento.
São ações não organizadas por partidos políticos nem por sindicatos, mas certamente não contra eles e, em alguns casos,até com o seu apoio discreto.
Acompanho com esperança esta rede, ao que parece em expansão "geográfica". São novas formas de intervenção (e de integração) social. Que têm de servir para ampliar o combate por um futuro que
coletivamente valha a pena.
Quero crer que andam boas intenções no ar. Sim, claro que conheço o adágio popular "de boas intenções está o inferno cheio." Impedir que estas boas intenções  se percam no (presente) inferno e nos conduzam a
algo mesmo novo é a tarefa. Vamos acreditar!

(Não sei se muito a propósito, mas vieram-me à cabeça os versos do Manuel da Fonseca:

...
Vamos fazer qualquer coisa
de louco e heroico como era
a Tuna do Zé Jacinto
tocando a marcha almadanim

(de "Mataram a Tuna")