terça-feira, 13 de outubro de 2009

COMO CREDIBILIZAR A POLÍTICA E OS POLÍTICOS

(MEDIDAS NECESSÁRIAS MAS NÃO SUFICIENTES)

Plano 1 – Ao longo desta maratona eleitoral (7 meses) foram surgindo diversos casos de polícia envolvendo candidatos ou partidos em campanha.
Acabadas as campanhas e as eleições, é imprescindível que cada um desses casos tenha uma solução rápida e transparente. Caso contrário cimentar-se-á a ideia de que os poderes judiciais e políticos inflamam, inventam ou apagam casos ao ritmo dos seus interesses políticos imediatos.
É preciso pois que rapidamente se saiba:

- houve ou não corrupção (seja ela leve ou ligeira) de Sócrates no caso Freeport?
- houve ou não financiamentos ilegais do PSD envolvendo o deputado António Preto?
- houve ou não compra de votos da emigração por António Braga?
- houve ou não compra de votos nas eleições internas do PSD?

E num outro plano, embora muito ligado ao anterior, houve ou não tentativas de escutas no Palácio de Belém?
Para lá destes “casos” suscitados durante a campanha, é necessário que o processo da Casa Pia, do BPN (Oliveira e Costa e Dias Loureiro) se resolvam com alguma rapidez, sob pena de o descrédito da Justiça arrasar a já negativa imagem da política e dos políticos. Sem esquecer os Isaltinos, Valentins, Ferreiras Torres…

Plano 2 – Nada pior para a política que discursos demagógicos e “de meias verdades”… Nada pior que discursos em que se sustenta uma ideia ou a sua contrária consoante o que na ocasião der mais jeito. Se as eleições europeias ou autárquicas correm mal, há que sublinhar que não é legítimo extrapolar os seus resultados para o todo nacional. Se correm bem, há que fazer essa mesma extrapolação.
O discurso de Sócrates no dia 11 foi de uma demagogia ordinária, de uma falta de rigor intelectual indigna de um governante que se preze. Sabe Sócrates que não é legítimo extrapolar resultados de eleições autárquicas para eleições nacionais. Mas isso que lhe interessa? É necessário utilizar os bons resultados autárquicos para sublinhar um (discutível) apoio nacional ao governo do PS… 
O discurso de Sócrates sobre a vitória de António Costa é intelectualmente miserável. Esquece que a Lista vencedora é uma coligação entre o PS e os Movimentos Cidadãos por Lisboa e Lisboa É Muita Gente. O Movimento Cidadãos por Lisboa valeu em 2007 mais de 10% dos votos. Sem eles, A. Costa e o PS teriam perdido Lisboa. Será que quando a coligação do PS (Sampaio, J. Soares, M.M. Carrilho) era com o PCP, também se afirmava que os votos eram “do PS”? Sócrates esquece ainda que houve mais de 5% dos votantes em Lisboa que votaram em António Costa para a Câmara, mas que votaram na CDU ou no BE para a Assembleia Municipal e freguesias. Por que tomar como base da “extraordinária votação do PS” em Lisboa, a votação para a Câmara e não para a Assembleia Municipal? Não será mais crível o contrário?
Em suma, não é com discursos de tão falso calibre e tão ausentes da verdade que se credibilizam políticos e a política.

2 comentários:

  1. Muito interessante, este post.
    Também eu gostaria de ver respondidas as perguntas - pertinentes - aqui colocadas.
    A haver respostas cabais, estas dir-nos-iam muito sobre o carácter, ou a falta dele, dos envolvidos.
    Se quem manda entender que está tudo muito bem e que a populaça não merece ser esclarecida, resta-nos aplicar aquele ditado que diz que não “há fumo sem fogo” e continuar a olhar de soslaio e a desconfiar de quem nos (des)governa.

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  2. ...já quanto à reacção de José Sócrates perante a vitória da coligação em Lisboa, não fiquei nada surpreendido, antes pelo contrário. Por isso gostei muito de um aspecto:
    Não foi hipócrita. Foi igual a ele mesmo.
    Aquele sim, é o verdadeiro “animal feroz”, cansado de vestir a pele de cordeiro agora desnecessária, que as eleições já lá vão…

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