quarta-feira, 28 de julho de 2010

CORPORATIVISMO

Os capitalistas e os seus testas de ferro atacam os sindicatos com diversos argumentos. Um deles, é que os sindicatos são corporativos, isto é, defenderiam os interesses do seu grupo não atendendo ao interesse geral. Confundem sistematicamente "corporativismo" com defesa dos direitos laborais. Veio-me isto à lembrança quando ouvi, hoje, que o CEO, isto é, o administrador chefe, da BP se vai demitir, mas levando consigo uma indemnização de muitos milhões; como muitos milhões de indemnização receberam os administradores dos bancos americanos que foram à falência. Como foi principescamente indemnizado o Vara quando deixou, por sua iniciativa, o BCP, de onde aliás outros, acusados de corrupção e outros crimes, se tinham também afastado com indemnizações multimilionárias. E os altos administradores do Banco de Portugal que para si próprios reservaram obscenas condições de aposentação... Quem trata dos seus dinheirinhos, marimbando-se em tudo o mais, quem é? São os que insistem em nos acusar de sermos corporativos.

MENTIRAS QUE VENDEM BEM

Facilitar o despedimento, mesmo sem qualquer causa, conduz ao aumento do emprego.
Destruir o Serviço Nacional de Saúde melhora o acesso dos mais pobres aos cuidados de saúde.
Quer que o seu filho tenha acesso á Escola? Destrua o sistema de ensino público!

Assim cruamente escritas, estas asserções parecem absurdas. Mas é mesmo isto que o PSD propõe, não com esta crueza directa mas com melífluos e insinuantes discursos. Diz o ditado popular que não é com vinagre que se apanham moscas. Com bonitos embrulhos se tentam vender estas retrógradas novidades…

É preciso avisar toda a gente!

sexta-feira, 23 de julho de 2010

AINDA OS MEGA-AGRUPAMENTOS

O Ministério da Educação publicou hoje mesmo, 23 de Julho, uma nota procurando justificar a sua política de reordenamento da rede escolar, através do encerramento das escolas do 1º ciclo com menos de 21 alunos (para já, encerraram 701) quer pela constituição dos chamados "mega-agrupamentos" (de imediato 84). Para quem não domine esta área da rede escolar, o comunicado, numa linguagem simples e directa pode convencer e tranquilizar. Para quem esteja "com a mão na massa" só pode considerar que se trata de um comunicado "fraudulento". Vejamos porquê (considerando apenas a questão dos mega-agrupamentos):

- alega o M. E. que estas medidas têm como objectivo o acompanhamento de alunos desde o pré-escolar ao 12º ano à volta de um mesmo projecto educativo. Só que por um lado tal objectivo poderia ser mais bem atingido articulando entre si escolas que manteriam autonomia pedagógica. Por outro lado, não é verdade que haja um "projecto educativo" de agrupamento, muito menos de mega-agrupamento. O projecto educativo para um pré-escolar ou 1º ciclo terá algo de comum com um projecto educativo para o secundário?
Temo que aqui se esteja a dar argumentos aos que, de uma forma pouca séria, consideram o que eles chamam "eduquês" como a causa do insucesso da nossa escola. Os discursos à volta do "projecto educativo" serão certamente muito bonitos, mas o seu conteúdo real é muito escasso. Com os mega-agrupamentos teremos escolas com um ausência de direcção e com ausência de órgãos pedagógicos próprios, todos eles diluídos numa direcção super-centralizada na sede do agrupamento. Alguém acreditará que tal situação combata o insucesso? O M.E. diz ter estudos que vão nesse sentido, só que, apesar das insistências dos sindicatos, nunca os mostrou.
- o M.E. não diz que os mega-agrupamentos já constituídos se fizeram à revelia das escolas, ignorando não só os seus projectos educativos, mas a vontade dos seus conselhos gerais — humilhantemente tratados nestes processos — e dos directores. Uns e outros por sinal eleitos há menos de um ano. Será que esta permanente instabilidade também conduz ao sucesso?
- informa o M.E. que em média estes agrupamentos terão 1700 alunos. Conheço em Lisboa quem tenha um número bem superior.
Ainda há a dias um jornal diário dos ditos de referência noticiava que muitos países estavam já a abandonar este tipo de agrupamentos, cuidando de criar escolas com "escala humana" — com uma média de 400 a 700 alunos. Isto na celebrada Finlândia, por exemplo!

Uma nota conjuntural, mas que ajuda a questionar a propalada seriedade deste processo: pensou o M.E. nas dificuldades de lançamento do próximo ano lectivo provocada a escolas obrigadas, contra sua vontade, a agruparem-se... em Julho? Como vão elas articular os seus horários, a distribuição do serviço lectivo, a constituição de turmas?

Em todo este absurdo processo, os mais prejudicados serão os alunos. O "discurso" do M.E. é, no mínimo, enganador!

PRIMAVERA #9
















Fotografia de Felizarda Barradas, professora, dirigente do SPGL e fotógrafa.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

FALAR CLARO

A proposta de revisão da Constituição apresentada pelo PSD tem uma grande virtude: torna claro o que se pretende – o fim da escola pública obrigatória, o fim do serviço nacional de saúde e uma ainda maior liberalização dos despedimentos. Além de uma profunda alteração do quadro estrutural da nossa organização política. Claro que estas intenções são apresentadas com um vocabulário e uma argumentação adocicados.
Em relação à liberalização dos despedimentos argumenta-se com a necessidade de aumentar a produtividade e diminuir os custos do trabalho. Como se a falta de produtividade das empresas fosse da responsabilidade dos trabalhadores e a competitividade empresarial assentasse em salários baixos ou mesmo “de miséria”. No que respeita ao ataque ao serviço nacional de saúde, acena-se demagogicamente com a ideia de que justiça é que quem tiver meios para isso deverá pagar a saúde. Como se não soubéssemos o que aconteceria: a norma seria pagarmos todos e só em casos de extrema pobreza se admitiria que não se pagasse – e portanto a esses seria servido uma saúde de segunda…

No campo da educação, a integração das escolas privadas na “rede nacional” mas não seria que um pretexto para por todos os contribuintes a pagar as mordomias dos frequentadores de colégios que não deixariam de ser privados – isto é, selectivos e discriminadores, afundando definitivamente o ensino para a maioria.

Mas obriga-nos também a alguma reflexão:
- Caem por terra as teses do PCP de que PS e PSD são iguais porque são ambos defensores do neoliberalismo.
- Percebe-se agora melhor que as teses dos “movimentos” para quem era indiferente o partido em que se votasse desde que não fosse o PS mais não pretendiam que abrir alas a este PSD.
- Torna-se claro que é preciso cerrar fileiras com todos os que defendem a escola pública, independentemente dos partidos em que estejam e para lá das divergências que entre nós haja.

A defesa dos serviços públicos perante o ataque da direcção do PSD exige o fim dos sectarismos.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

A MISSÃO DA UNIVERSIDADE, SEGUNDO SANTANA CASTILHO

Na sua crónica “A efeméride dominante”, no Público de 21 de Julho, Santana Castilho escreve: "(…) A missão da Universidade é a transmissão do conhecimento às novas gerações, o desenvolvimento desse conhecimento através da investigação científica e a preservação do património intelectual e científico colectivo. Mas, ultimamente, os sistemas político e económico passaram a exigir-lhe uma investigação aplicada que dê resultados imediatos no sistema produtivo e uma actividade de ensino que actue no 'capital humano' em subordinação à mesma lógica imediatista e produtiva (é esse o desígnio mascarado de Bolonha). Esta situação está a gerar uma adulteração da missão atrás citada. Estão a criar-se situações de dependência da universidade de mecanismos de mercado, de subserviência a lógicas empresariais, numa palavra, de domesticação da tradicional independência científica e cultural da Universidade, com consequente alienação da actividade pedagógica dos seus docentes, absorvidos pelas respostas de sobrevivência a uma autêntica indústria de financiamento.”
O texto continua desenvolvendo a ideia de que o poder tem reduzido o financiamento das Universidades e de que, ao mesmo tempo que incentiva a admissão de mais alunos, não cuida do número de professores necessários nem da qualidade da sua formação.
Vale a pena discutir Santana Castilho. Ninguém o pode acusar de falta de ideias ou de menor clareza na sua exposição. Por mim, acho este diagnóstico muito certeiro.

terça-feira, 20 de julho de 2010

ESPALHEM A NOTÍCIA...

A ANA esteve nas notícias há pouco tempo, e pelos piores motivos: privar as mães que fazem uso do direito a redução de horário para amamentação previsto na lei do prémio de assiduidade é grave, sobretudo vindo de uma empresa tutelada pelo Estado. E é grave a vários níveis: é uma violação clara do código de trabalho e demonstra quão tacanha é a mentalidade dos gestores em relação à questão da parentalidade no mercado laboral.
Aliás, o facto de não ser claro nas notícias vindas a lume sobre o assunto se a discriminação recai apenas sobre as mães que amamentam ou sobre todas as mães, já que o direito a redução de horário durante o primeiro ano de vida da criança está associado ao conceito de "aleitamento" e não de "amamentação", é por si só sintomático da ignorância que impera no que diz respeito à legislação laboral neste domínio.
Existe em Portugal uma falta de articulação absurda entre os vários discursos em torno da parentalidade: o Ministério da Saúde promove a amamentação, mas a licença de parentalidade não está pensada de forma a garantir o mínimo recomendado pela OMS (6 meses em exclusivo); fala-se muito da necessidade de acompanhamento das crianças, mas impõe-se a flexibilização dos horários de trabalho e vínculos laborais cuja precariedade não deixa a muitos pais outra opção que não abdicarem dos poucos direitos que têm; e o direito à educação está consagrado na lei, mas nos centros urbanos o número de vagas nos berçários e infantários públicos continua a ser irrisório.
Mas o mais grave é a impunidade com que se despreza a lei um pouco por toda a parte, sobretudo num contexto de crise, em que o medo e a chantagem se tornam (ainda mais) frequentes. A pressão patronal para que se abandonem direitos deste calibre demonstra não apenas tacanhez, como ainda uma mentalidade que parte do princípio de que direitos como a redução do horário, a apoio à família ou a protecção no despedimento são meros adornos politicamente correctos, que não é importante respeitar ou implementar na gestão quotidiana das empresas. Faltam aliás estudos que nos possibilitem avaliar a dimensão do problema: quantos pais e mães optam por reduzir as licenças ao mínimo, quantos aceitam ser despedidos por verem as suas vidas transformadas num inferno, quantos vêem as suas carreiras prejudicadas simplesmente porque exigem que se respeite o horário de saída, quantas mulheres não são contratadas por estarem grávidas ou terem filhos pequenos? Mas talvez o principal dado a apurar seja a quantidade de pais e mães cuja precariedade os deixa de fora de todos estes direitos.
A verdade é esta: emprenham-nos pelos ouvidos com a insustentabilidade social e económica de uma sociedade envelhecida, como se a procriação fosse uma espécie de desígnio biológico plasmado na responsabilidade social; mas depois nada se faz para que quem quer ter filhos os possa ter — porque ter filhos não se resume a pari-los. E insustentável é uma sociedade que não assume que as leis laborais de protecção à parentalidade não são privilégios, mas um direito básico… das crianças.

Publicado no Esquerda.net

BRANDOS COSTUMES — II

A notícia do Público segundo a qual a Finlândia, Nova Iorque e a Inglaterra, provavelmente entre outros países ou Estados, tinham já abandonado a ideia dos mega-agrupamentos, optando por escolas de "escala humanizada", ontem editada neste blogue, merece alguns comentários:

* Uma vez que os responsáveis que ocupam a 5 de Outubro são pessoas inteligentes e, presume-se, bem informadas, não é de acreditar que ignorem os dados referidos nessa notícia. Sabem, pelo menos tão bem como nós, que do ponto de vista pedagógico nada justifica estes mega-agrupamentos. Acredito até que alguns deles tenham lutado, com muitos outros, pela abolição das escolas gigantescas — de 4 e 5 mil alunos — nos anos a seguir ao 25 de Abril, defendendo escolas de média dimensão. Se não é menor inteligência nem informação menos adequada, é necessário reconhecer que só calculados ganhos "económicos" os obriguem a seguir caminhos em que seriamente não acreditam. Sério seria pois que publicamente reconhecessem que são esses — os económicos — os motivos que os levam a este absurdo pedagógico: por imposição superior, abandonaram as preocupações pedagógicas a troco de uns milhões de euros. Se assim o dissessem, ficariam ao menos com a cara lavada da honestidade. Fingindo "motivações pedagógicas" (a necessária e invocada "articulação" entre os ciclos não justifica estes mega-agrupamentos) caem no ridículo e ajudam a manter a lamentável imagem dos "políticos" — a ausência de seriedade.

* Mas este processo de implantação á velocidade do som de uns mega-agrupamentos tem ainda outra característica. Os tão encomeados "conselhos gerais", órgãos em que a comunidade está toda representada, ao tempo apresentados como a solução para que a comunidade se apoderasse das suas escolas (campanha não raro acompanhada da ideia de que era necessário diminuir o poder dos professores para libertar a escola) foram pura e simplesmente ignorados neste processo. Ninguém lhes pediu qualquer opinião ou parecer; e se por sua própria iniciativa se atreveram a dá-la, foram olimpicamente ignorados. O
discurso sobre a participação da comunidade na vida da escola não passou disso mesmo: um discurso barroco, untuoso e inútil. Um discurso "político".

Continuaremos com os nossos brandos costumes a tolerar tudo isto?

PRIMAVERA #8














Fotografia de Felizarda Barradas, professora, dirigente do SPGL e fotógrafa.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

A NOTÍCIA…

Em vários países, escolas mais pequenas ganham terreno
“A tendência para a criação de grandes agrupamentos escolares, que vai ser implementada em Portugal no próximo ano, está a perder terreno a nível internacional, onde a escala humana da escola é vista como a chave para o sucesso.”

Isto pode ler-se na primeira página do Público de 19 de Julho. A notícia é desenvolvida na página 8 com exemplos muito claros: “Na Finlândia, a pequena dimensão é apontada como uma das marcas genéticas de um sistema de ensino que se tem distinguido pelos seus níveis de excelência.” Na mesma notícia pode ainda ler-se que em Nova Iorque encerraram-se 91 grandes escolas dividindo os alunos por novas 200 unidades, nas quais o número máximo de alunos vai pouco além de 400, com comprovada melhoria das aprendizagens. O mesmo se está passar, ainda segundo o Público na Grã-Bretanha.

Em Portugal, é o que se sabe!

BRANDOS COSTUMES...

Lê-se que, pela necessidade de reparar um pilar, a ligação de comboio entre Coimbra B e Coimbra — Cidade, incluída já no preço do bilhete adquirido, não se efectuará por decisão da REFER-CP. Uma vez que tal obra era indispensável e urgente, é uma medida sensata. Mas, se não fosse o hábito de nos deixarmos "comer por parvos" deveríamos exigir à CP que, juntamente com o bilhete para a viagem, nos fosse entregue um qualquer papel que nos permitisse ir "de borla" num taxi entre Coimbra B e Coimbra-Cidade. Seria correcto que nos obrigassem a aceitar ir com mais passageiros num mesmo taxi, etc. Mas nada disso aconteceu: em nome dos nossos brandos costumes, continuamos a aceitar que nos carreguem. Triste sina!

domingo, 18 de julho de 2010

PORQUE NÃO PODEM AS MULHERES SER SACERDOTES?

O senhor papa entendeu publicar um texto para clarificar e endurecer a posição da igreja católica sobre os abusos sexuais de menores por parte do clero. Boa intenção. Estranhamente, nesse mesmo texto, a acreditar no que os jornais dele divulgaram, insiste em considerar um grave crime contra a fé a ordenação sacerdotal de mulheres. Tão estranha associação de ideias permitiu que, logicamente, se escrevesse que para o papa o ordenação de mulheres era um crime igual ao da pedofilia eclesiástica. O Vaticano apressou-se a desmentir tal associação; mas insiste na tese de que é um crime grave contra a fé (católica) a ordenação de mulheres como sacerdotes. Mesmo para quem, como é o meu caso, se está nas tintas para a fé (católica ou qualquer outra) não deixa de ser revoltante a posição do papa. Poderia a proibição da ordenação de mulheres ser entendida como uma regra da igreja católica, proibição que não deixaria de ser lamentável, mas se reconhecia ser apenas de natureza organizacional. Mas o que se entende é que tal acto "é um crime grave contra a fé". É pois não apenas uma questão de disciplina, mas uma questão de outra natureza: a impossibilidade "natural" de haver mulheres sacerdotes. Por serem geneticamente incapazes? Ou pela sua mítica impureza? Ou por serem uma criação menor de deus? Se este é o badalado teólogo da igreja, há que dizer que no que respeita a esta matéria ele regressa às mais cavernícolas posições medievais. Assim se faz o aggiornamento da igreja!

sexta-feira, 16 de julho de 2010

A DEMISSÃO DO PROFESSOR PAULO TRIGO PEREIRA

O nome dirá pouco a maioria de nós. Como não será entre nós muito conhecido o lugar de onde ele se demitiu: o Observatório das Políticas Locais de Educação. Mas do texto que publicou (Público de 16 de Julho) expondo os motivos da sua decisão seleccionei o seguinte parágrafo:

“Discute-se hoje o reordenamento da rede escolar e o fecho de escolas pequenas que obviamente tem um efeito negativo na vida das aldeias e vilas, mas terá um efeito mais positivo, espera-se, no aproveitamento escolar dessas crianças. Mas o que seria útil era dispor de estudos portugueses, de preferência de instituições independentes do ministério, que demonstrassem que as taxas de insucesso são de facto mais elevadas nessas escolas pequenas. Assim se contrariaria o argumento de que por detrás desta medida estão apenas razões financeiras.”

Devo dizer que idêntico pedido foi apresentado pela FENPROF em reunião com o secretário de Estado da Educação. Queríamos ver os números em que se sustentava a afirmação do Ministério de que as escolas pequenas fomentavam o insucesso. Com o mesmo resultado: silêncio total. O mesmo silêncio de que se queixa o professor demissionário: “Após algumas diligências e contactos, a atitude da actual equipa governativa tem sido pautada pelo silêncio.”

quinta-feira, 15 de julho de 2010

PRIMAVERA #7






















Fotografia de Felizarda Barradas, professora, dirigente do SPGL e fotógrafa.

CPLP

Que sentido faz aceitar que países onde o português não é nem nunca foi língua falada queiram integrar o Comunidade de Povos de Língua Portuguesa? Só para conquistarem algum mercado comercial? Haja bom senso. A CPLP é, antes de mais, resultado de um processo histórico e cultural. Deve integrar só os povos que, pelas vicissitudes da história, foram colonizados por Portugal e que, por isso mesmo, fazem parte de um património cultural comum. Haja bom senso, que o "comércio" não é tudo.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

“DEIXAR OBRA” A QUALQUER PREÇO?

A Assembleia da República aprovou uma recomendação ao Governo no sentido de parar com o apressado e mal parido processo de reordenação da rede escolar, mais conhecido por megaagrupamentos. Só o grupo parlamentar do PS esteve contra. Também a CONFAP apelou no mesmo sentido. A FENPROF e a FNE já antes tinham tomado decisões no mesmo sentido. Até o Conselho de Escolas achou por bem dizer ao M.E. que este processo não tinha” pés nem cabeça”. Que mais é preciso fazer para que o M.E. reconheça a falta de sentido (e de senso) deste processo? Que move o M.E. nesta precipitada e caricata cruzada contra a opinião de toda a gente? Será que, na perspectiva de uma saída a curto prazo também Isabel Alçada faz questão de “deixar obra”, mesmo que disparatada?

sábado, 10 de julho de 2010

QUEM SE "LIXA", QUEM É?

Poderá o motorista ao serviço de um alto responsável político ligar o sistema de “ marcha de urgência” sem consentimento do “chefe” que vai ao seu lado (ou atrás)?
Se tal acontecesse, não deveria ser ele de imediato sancionado por abuso de autoridade e excesso de velocidade? E para que deve servir a marcha de urgência senão para situações, como cataclismos, incêndios ou emergências médicas, em que o atraso de minutos pode ser fatal?
Que se pretenda condenar o motorista da GNR que, em altas velocidades e em “marcha de urgência”, voava na Av. da Liberdade conduzindo um alto responsável político para uma simples tomada de posse de uns subordinados sem importância e que por isso mesmo provocou um acidente, ilibando o político em causa, é uma vergonha. É mesmo malhar no mais fraco.
Um político que aceita que um seu subordinado seja condenado por um acto que ele próprio lhe ordenou só merece um de dois epítetos: o de canalha ou o de pulha. Espero que o juiz em causa não tenha que fazer esta opção.

PARA QUE SERVEM AS RECOMENDAÇÕES DA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA?

Acaba de ser publicada em Diário da República a Recomendação da A.R. de que para este concurso não sejam tidos em conta os efeitos previstos das classificações de Muito Bom e de Excelente. Respeitando o princípio básico de que a Assembleia da República representa o país, a posição maioritária do país é a que está expressa nessa recomendação. O Governo faz exactamente o contrário: “marimba-se” para a Assembleia da República e, portanto, para o país. É certo que o país também se começa a “marimbar” para o PS…
Entretanto a irracionalidade da posição do M.E., de que resultam irreparáveis injustiças, contribui apenas para manter o estado de tensão entre os professores e educadores. Que pretendem eles? 

sexta-feira, 9 de julho de 2010

PRIMAVERA #6

















Fotografia de Felizarda Barradas, professora, dirigente do SPGL e fotógrafa. 

quinta-feira, 8 de julho de 2010

NOVAS OPORTUNIDADES: UMA BOA IDEIA QUE CARECE DE SER REVITALIZADA

Dir-se-ia que a “chico-espertice” está inscrita nos genes lusitanos. Se a prática do desenrascanço é uma boa arma, destruir boas ideias através de um oportunismo sustentado em esperteza saloia é um hábito nefasto. Fazer com que os que saíram prematuramente da estrutura escolar a ela regressem e valorizar-lhes a sua “aprendizagem” na vida é uma excelente ideia sobretudo num país que ao longo dos anos conviveu com elevadas taxas de insucesso e abandono escolares. E os muitos que honestamente aproveitaram esta “nova oportunidade” merecem todo o respeito e admiração. Mas todos nós sabemos de como esta “novas oportunidades” têm sido aproveitadas em muitos casos para certificações fraudulentas, criando uma falsa imagem de sucesso. Se neste projecto formos capazes de separar as águas, creio que ele terá sucesso; se continuarmos a fechar os olhos a certificações académicas concedidas a troco de nada, a não ser a inscrição e a entrega de uns papeluchos, certo será que todo o processo acabará por ser contaminado pela descredibilização. Compete-nos escolher e criar mecanismos de “certificação” do próprio projecto.

domingo, 4 de julho de 2010

NEM TUDO SÃO ROSAS

O espectáculo de fim de ano da Escola de Dança do Conservatório Nacional confirmou estarmos perante uma escola de qualidade comprovada. "A minha Lua é igual à Tua", de Catarina Moreira, tem momentos de levada qualidade, os bailarinos revelaram boa formação, enfim, o trabalho de um ano bem conseguido. O que me entristeceu foi ver no fosso de orquestra profissionais de elevada craveira, sem os quais nada disto seria possível, numa situação de "contratados" há dezenas de anos, sem qualquer progressão de carreira, sem nunca saberem o que lhes acontecerá no ano seguinte, correndo aliás o risco de verem o seu vencimento baixar no próprio ano. Estavam lá a Mercedes Cabanach e o Gil Alves, Podiam estar outros. Sei que no espectáculo de 6ª feira esteve presente, entre outros responsáveis do ME, o director da DGRHE, Mário Pereira, a quem em Janeiro foi entregue um dossier sobre a situação destes músicos. Até hoje, não tiveram resposta. Oxalá a excelência do espectáculo lhe tenha feito pesar a consciência.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

JUSTIÇA?

Uma das notícias de hoje, 2 de Julho, é que o Estado tem por cobrar 14,1 mil milhões de euros de impostos devidos, isto é, cerca de 8% do PIB. Se cobrados, teríamos as contas quase em dia. Mas há mais: destes, 3 mil milhões já não serão recuperáveis porque prescreveram.
Quem pode fugir aos impostos não são os trabalhadores por conta de outrem que a esses fica — e bem — o IRS retido na fonte. Quem pode fugir aos impostos são grandes empresários, os detentores de grandes fortunas,são aqueles que têm dinheiro suficiente para, pagando a bons advogados e por vezes subornando a máquina fiscal e judicial, prolongarem nos tribunais os processos até estes prescreverem. Ou fugindo ao seu dever de pagar os impostos através de outras artimanhas e fraudes consentidas. E assim ficam a ganhar muitos milhões. Eles provocam a crise mas nada sofrem com ela. Os trabalhadores, esses, não a provocaram, mas têm de a pagar. Há quem chame a isto justiça social.