sexta-feira, 30 de abril de 2010

NA VÉSPERA DO 1º DE MAIO: UMA SOCIEDADE SEM SINDICATOS É UMA SOCIEDADE DO PASSADO!

O que é moda é considerar, ora com ar condescendente ou em tom agressivo, que os sindicatos são, hoje em dia, forças conservadoras, forças do passado. Os mais condescendentes até aceitam que tenham tido a sua importância, mas isso foi lá para o século XIX. Não cessam por isso de (n)os atacar. Ataca-nos o (actual) governo, apesar de formalmente ser do PS, reduzindo-nos de forma bruta e irracional os créditos para o trabalho sindical (o SPGL foi o mais visado na legislação publicada em 2009 – e não é difícil perceber porquê). Ataca-nos a sr.ª jornalista Helena Matos, no Público, considerando que o governo ainda nos devia reduzir mais os créditos (eventualmente até zero), usando aliás a estratégia das meias verdades, mais venenosas que assumidas mentiras (ética deontológica também deve ser para ela coisa do passado). Escreve a sr.ª, num artigo contra a FENPROF, que em 2008 havia milhares de professores destacados para trabalho sindical. Esqueceu-se de escrever que, desses milhares, os sindicatos da FENPROF – de longe os mais representativos – tinham uma pequena parte e que nos últimos anos houve uma fortíssima redução, medida apoiada em 2008 e 2009 pela FENPROF… 
Atacam-nos os ideólogos do pensamento único disseminando loas infundadas ao individualismo, à iniciativa individual, ao “salve-se quem puder”.  Ataca-nos a direita porque insistimos em recusar o regresso ao tempo do trabalho sem direitos. Ataca-nos alguma esquerda porque não nos deixamos enlear no canto de sereia da bondade das medidas do governo contra os trabalhadores. Atacam-nos os vociferadores da “revolução já” .
A todos estes temos de dizer que estamos vivos. Dizemos-lhes que uma sociedade sem sindicatos (ou com sindicatos “ a fingir”) é uma sociedade do passado, mesmo que o tempo a coloque em 2010. Dizemos-lhes que temos força – e para isso temos de fazer um grande 1º de Maio. Vamos a isso! 

quinta-feira, 29 de abril de 2010

BRINCANDO COM COISAS SÉRIAS

Entre 1974 e 1976 a direita portuguesa (e internacional) acenou com o perigo comunista – os comunistas preparariam o assalto ao poder. Para combater tamanho perigo, artilhou-se a direita de todas as armas: Spínola liderou uma revolta de opereta. O MDLP pôs umas bombas, a CIA encarregou-se do resto. O perigo, real ou não, foi afastado: uma direita e alguma esquerda tomaram conta do poder do Estado.
Em 2010 uma certa direita – a dos especuladores financeiros internacionais – ataca não já apenas o poder político mas a própria nação, tentando arrastá-la para a bancarrota. São subtis: não usam bombas nem espingardas. Usam a arma do dinheiro. Invocam a sagrada lei do mercado: apertam ainda mais o garrote a quem atravessa dificuldades. 
Mas a esquerda não tem a capacidade de resposta que a direita teve em 1974/1976. De resto, é sempre assim. A esquerda protestará, invocará as injustiças, denunciará que os mais prejudicados serão sempre os menos (ou nada) culpados: os trabalhadores. 
O capitalismo está no seu melhor – no reino da barbárie. O socialismo ainda existe? 

terça-feira, 27 de abril de 2010

A INFANTILIZAÇÃO DA CIÊNCIA

Comparada com a vida num call center ou numa caixa de supermercado, a situação dos bolseiros de investigação é uma espécie de precariedade de luxo. Mas não deixa de ser dramática — e não só para quem a vive.
Faz sentido que se designe por "contrato de bolsa" uma relação de trabalho cujo objectivo último é a obtenção de um grau académico. Esta relação é, por definição, transitória e insere-se no apoio à formação individual, mas é perfeitamente abusivo estendê-la aos "bolseiros de projecto", que recebem um salário mensal, desempenham tarefas quotidianas frequentemente associadas a um horário de trabalho rígido, e, findo o projecto a que estão associados, não obtêm qualquer progressão académica ou profissional. Não é raro circularem de projecto em projecto durante anos ou serem chamados a desempenhar tarefas administrativas ou de apoio à actividade lectiva de quem os orienta-barra-chefia.
São trabalhadores cuja profissão se define pelo vínculo salarial (são "bolseiros"), que não recebem subsídio de férias, de Natal ou de alimentação, não têm o regime de faltas regulado nem qualquer poder negocial perante a figura, quase omnipotente, do "orientador", que define tarefas, horários, obrigações e ainda se os contratos de bolsa correspondem ao tempo previsto do projecto ou são renováveis enquanto ele decorre.
Para cúmulo, têm contrato de exclusividade. Um bolseiro de projecto que passe um recibo verde está a cometer um crime. Mesmo que esse recibo diga respeito a serviços prestados fora do horário de trabalho e que não tenham qualquer relação com a actividade que exerce no âmbito do projecto. Mesmo que seja óbvio que 750 ou 980 euros são insuficientes para uma vida digna, sobretudo para quem tem pessoas a cargo e prestações a pagar.
No fundo, está-se a assumir que o trabalho científico não é um trabalho compatível com a maturidade: não corresponde a uma carreira, não é tributável em IRS, não prevê que quem o realize possa precisar de contrair um empréstimo ou usufruir de licença de parentalidade (que dependem da existência de um contrato de trabalho) ou prestar assistência aos filhos. É uma ocupação temporária, para entreter jovens recém-formados enquanto não são absorvidos pelas empresas que os transformam em adultos. E, no entanto, estes bolseiros são a pedra-basilar do funcionamento dos centros de investigação e, muitas vezes, contribuem de forma decisiva para os projectos de doutoramento ou pós-doutoramento dos colegas.
Em suma, andamos a brincar aos cientistas. Definir a investigação científica pela precariedade, não a considerando sequer como "trabalho" é, antes de mais, uma tremenda falta de respeito pela ciência. Sem contratos de trabalho, legislação laboral clara e a actualização dos montantes das bolsas, a aposta no desenvolvimento científico é uma história da carochinha... e já vai sendo altura de perceberem que se enganaram no escalão etário.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

SOBRE AS COMEMORAÇÕES POPULARES DO 25 de ABRIL

Há quem sustente,  talvez com alguma razão, que às comemorações populares do 25 de Abril acontecerá o mesmo que aconteceu às comemorações do 5 de Outubro. Dentro de alguns anos deixarão de ter qualquer dimensão popular e limitar-se-ão às comemorações protocolares. Talvez assim venha a ser. Mas a “Manif” deste ano ainda mereceu bem a pena! Não sei se éramos mais ou menos do que no ano anterior. Sei que éramos muitos. Uns comemorando o que conquistámos e ainda temos: a liberdade de expressão, as liberdades políticas, a descolonização. Outros lamentando o que foi prometido e não foi conseguido ou o que já foi perdido: continuamos com uma sociedade economicamente muito desigual e injusta, a escola está longe de ser de sucesso para todos, a corrupção alastra. Mas todos irmanados num slogan: 25 de Abril sempre, fascismo nunca mais! E com a confiança de quem não vai deixar morrer o espírito de Abril – e por isso no próximo ano lá estaremos!

NÃO, NÃO NOS ESQUECEMOS DE ASSINALAR O 25 DE ABRIL...

... estávamos ocupados a descer a Avenida.


25 de Abril Sempre!

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Hoje, às 18h15, nos Restauradores (Lisboa): CARTADA CONTRA A PRIVATIZAÇÃO DOS CTT



Eis a carta que vou enviar ao Primeiro Ministro 

Caríssimo Primeiro-Ministro,
Sou, desde sempre, frequentadora assídua dos CTT. E se é verdade que de há uns anos para cá são raras as cartas pessoais que escrevo ou recebo, isso não significa que a azáfama em torno da minha caixa do correio tenha diminuído. Documentação importante, a burocracia que nos vai fazendo os dias, e as compras que faço on-line mantêm vivo um gesto quotidiano, pelo qual passa a minha ligação pelo mundo: abrir a caixa do correio. O que mais passa por lá são livros — comprados, emprestados, trocados. E é por eles, também, que mais me desloco às estações dos CTT, para fazer parte de um fluxo de cultura que percorre o mundo e que, pela minha parte, não seria possível sem essa pequena maravilha que é a "taxa de livro".
Talvez a minha vida fosse mais fácil se os correios, seja lá onde for por essa Lisboa, não estivessem sempre apinhados: de gente que manda cartas e postais, é certo, mas sobretudo de quem tem pensões para receber e contas para pagar, e muitos imigrantes que enviam e recebem as coisas mais importantes e ridículas com que tentam enganar a saudade (e também para mim, nos meus dias de estrangeiro, talvez sobretudo nesses tempos, os correios traziam pontes, alegrias, cigarros e chouriços, carinhosamente embalados pelos preços não absurdos dos CTT).
Mas escrevo-lhe de barriga cheia, eu sei. Tenho acesso pleno à Internet, pago as minhas contas por home banking, e todos os balcões da minha vida têm um número suficiente de empresas a entupir as filas com centenas de cartas ao fim da tarde para lhes permitir passar no teste da rentabilidade. Temo pelo futuro da taxa de livros, é certo. Porque ela tem a ver com uma aposta política no incentivo da leitura, que, como espero que saiba que eu sei, não se coaduna propriamente com a lógica do lucro e dos dividendos das empresas privadas.
É que o Estado, senhor Primeiro-Ministro, pode gerar lucros, mas tem obrigações sociais. E as empresas privadas, e fica-lhes muito bem, porque está na sua natureza, têm uma única obrigação: a de gerar lucro. É essa a grande diferença, e quem a vai sentir na pele somos nós, os utilizadores assíduos dos CTT.
Não pense nos livros que eu não vou enviar; pense no interior do país, onde a própria distribuição de correio não sobreviverá ao teste implacável da rentabilidade. Pense em todos os serviços que tem, enquanto cidadão, ao virar da esquina, e que passarão a estar demasiado longe para tanta gente. Pense num país mais desigual, mais povoado de isolamento, cada dia mais esquecido de que a sua principal economia são as pessoas que cá vivem.
Ainda por cima, veja lá… os CTT dão lucro! Ao Estado! Lucro e serviço público, tudo numa só cartada. Que o Senhor Primeiro Ministro parece tão empenhado em descartar. Que nos interessa a cosmética barata em torno do défice, se a médio prazo perdemos receitas e serviços? Há coisas que não se privatizam, como o Senhor Primeiro Ministro tantas vezes tem dito; e se quer que acreditemos que acredita no que diz, perceba que os CTT são uma delas.

Com os melhores cumprimentos,
Mariana Avelãs

Ps: Não leia nas entrelinhas de estou de acordo com o resto das privatizações previstas no PEC; são igualmente vergonhosas. Mas tratemos de uma coisa de cada vez...

terça-feira, 20 de abril de 2010

CARTADA CONTRA A PRIVATIZAÇÃO DOS CTT

A ATTAC Portugal está a organizar para 5ª feira, dia 22, uma Cartada contra a Privatização dos CTT
A ideia é simples: enviar ao Primeiro Ministro uma carta a explicar-lhe que a privatização dos CTT é um erro, e talvez a mais chocante de todas as privatizações previstas no PEC.
Será uma iniciativa-relâmpago, ao estilo flash-mob, já que o ponto de encontro é às 18h15 à porta da Estação de Correios dos Restauradores, as cartas são enviadas 15 minutos mais tarde, e pelas 18h45 a acção é dada por finda… e o protesto segue por correio, claro.
Entretanto, há quem esteja a publicar as suas cartas com antecedência no blogue criado para apoiar a iniciativa, o Correio Público, ou a acompanhar a sua publicação através do Twitter.
Para quem vive fora de Lisboa ou não pode mesmo deslocar-se aos Restauradores há sempre a hipótese de enviar a sua carta para o blogue, através do endereço cartadactt@gmail.com.
Mas o mais é importante é sermos mesmo muitos a enviar as nossas cartas em conjunto, porque só em conjunto poderemos parar a febre de privatização e defender a qualidade dos serviços públicos. Até 5ª!

VIVA O CAPITALISMO!

Dois títulos de notícias me deixaram, hoje, irritadamente calmo como acontece quando se recebem notícias más mas não inesperadas. Uma: “O número de trabalhadores com o salário mínimo duplicou desde 2006” (DN). Nada de novo – a CGTP-IN já o denunciou muitas vezes. É a “justiça social” na versão de José Sócrates (claro que se recebem o salário mínimo é porque não cumprem os objectivos, caso contrário ganhariam como o sr. Mexia). 
Outra diz-nos que Bruxelas acusa bancos internacionais e agências de risco de empurrarem Portugal para uma crise (Jornal i ) Também nada de novo. É o capitalismo no seu melhor. Os especuladores financeiros parecem ter descoberto uma nova mina: especularem sobre os orçamentos dos Estados. A solidariedade capitalista é implacável: se estás em dificuldade, tornamos-te o crédito mais difícil! (Aliás, é o que acontece a cada um de nós no nosso “dia.a-dia” quando temos de negociar com os bancos.) 
Chama-se a isto a “lógica do mercado”. Quanto mais capitalismo, melhor, não é? 

domingo, 18 de abril de 2010

ALGUMAS NOTAS SOBRE O CONCURSO PARA CONTRATAÇÃO DE PROFESSORES

1. O que está em causa é saber se é moralmente legítimo aplicar uma legislação prevista para determinadas condições, digamos “normais”, num contexto em que essa normalidade não existiu, sendo que dessa aplicação resultarão gravíssimas e irreparáveis injustiças para milhares de cidadãos (neste caso professores contratados que se verão ultrapassados por outros). De facto, uma coisa é discutir se a atribuição das menções de Muito Bom ou Excelente deve ser tida em conta na graduação profissional para concurso, outra é discutir se ela deve ser aplicada a este concurso, dado o modo caótico, absurdo e irreal que foi a aplicação do modelo de avaliação no ano passado. 

2. Não conheço ninguém que tenha defendido que seja justa esta medida. Não a defendeu o Secretário de Estado Alexandre Ventura nas negociações com os sindicatos; não a defendeu nenhum deputado (nem os do PS) na Comissão de Educação da Assembleia da República; a própria ministra a justifica apenas pela necessidade da aplicação da lei, esquecendo os contextos entretanto desenvolvidos. Todos – creio mesmo que o próprio José Sócrates, que tudo indica esteja na base desta decisão – têm plena consciência do que estão a fazer: aplicar uma decisão profundamente injusta de que resultarão graves prejuízos para os direitos dos cidadãos. E apesar disso, insistem em tomá-la: o valor ideal da justiça e do respeito para consigo próprios desapareceu, subsumido no jogo da mesquinhez política. A Política, com imoralidades deste jaez, destrói-se a si própria.

3. Diz a ministra que o Ministério da Educação sempre defendeu a aplicação deste ponto da legislação. É falso: o Secretário de Estado sempre deu a entender que ela não se aplicaria. Duas vozes contraditórias no ME ou um maquiavélico jogo de enganos e mentiras? As negociações entre a FENPROF e o ME decorreram até agora num ambiente de confiança e de respeito que se mostrou útil. Essa confiança, indispensável entre quem negoceia, foi posta em xeque. Gostaria de poder crer que não ainda em xeque-mate. 

4. Pode acontecer que a FENPROF saia deste processo momentaneamente fragilizada, exactamente porque apostou numa confiança que não foi respeitada. Só lhe resta uma saída: combater por todas as formas esta decisão e mobilizar os professores e os cidadãos para um movimento de sobressalto cívico e ético que reafirme que a mesquinhez (porque é disso que se trata!) não é um valor, muito menos em política, que a denúncia das injustiças (e de quem as comete) continua a ser um dever de cidadania. E que o funcionamento da democracia tem de assentar em sólidas bases de confiança entre os diferentes actores que têm que a concretizar – o que exige seriedade e não um jogo para tentar enganar o parceiro.

sábado, 17 de abril de 2010

Ao Sul #44

















Fotografia de Felizarda Barradas, professora, dirigente do SPGL e fotógrafa. 

sexta-feira, 16 de abril de 2010

SERÁ QUE TAMBÉM A ÉTICA VAI “BATER NO FUNDO”

Está a correr em www.spgl.pt e em www.fenprof.pt um abaixo-assinado contra o facto de as menções de Muito Bom e de Excelente atribuídas no processo de avaliação de desempenho dos docentes em 2009 terem implicações na graduação profissional para o concurso de contratação que agora abriu. Todos reconhecem que é uma injustiça. Mas até agora ainda não houve a coragem política de a impedir.
Por isso, não se trata de mais um “abaixo assinado”: é o protesto ético (se é que isso ainda vale alguma coisa…) contra a atitude de reconhecer publicamente que há uma injustiça a ser cometida, ter o poder prático de a evitar e contudo aceitar placidamente que ela se cometa. É um grito: mais grave do que a política ter batido no fundo é que à ética esteja a acontecer o mesmo.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

CEGUEIRA POLÍTICA OU INENSIBILIDADE ÀS INJUSTIÇAS?

No momento em que escrevo esta nota, o Ministério da Educação (ou o Governo?) não decidiu abandonar, pelo menos para o concurso agora aberto, o princípio de que as menções de Muito Bom e de Excelente podem alterar a graduação profissional dos docentes opositores ao concurso, alterando o seu posicionamento nas listas do concurso. O Ministério da Educação, até pela informação privilegiada que possui, sabe muito bem o caos e as arbitrariedades que atravessaram o processo de avaliação de desempenho no ano passado. Sabe que cada escola aplicou os seus critérios. Absolutamente díspares, sensatos alguns, absurdos a maioria. Fazer depender o futuro de quem quer que seja de um processo em que o arbitrário foi a norma não é uma atitude defensável. Há limites para a sempre lamentável submissão da ética e da justiça ao imediatismo da política.

domingo, 11 de abril de 2010

INTER NACIONAL - LANÇAMENTO DE UM LIVRO IMPORTANTE

Por Ulisses Garrido

Florival Lança foi durante um longo período responsável da CGTP-IN para as questões de relacionamento internacional da central. Afastou-se (na verdade foi afastado) por defender que a CGTP deveria privilegiar e filiar-se na Central Sindical Internacional (CSI), surgida dum esforço de unidade entre centrais existentes (a CISL e a CMT, que se extinguiram) e várias centrais sindicais sem filiação internacional e que representa sem sombra de dúvidas a esmagadora maioria das centras sindicais, nomeadamente aquelas com quem a CGTP-IN se relaciona de facto. Esta não é, porém, a posição da maioria dos seus camaradas do PCP, corrente maioritária, que defende um relacionamento privilegiado (e no fundo a filiação) na Federação Sindical Mundial (FSM), onde se agrupam (apenas alguns) sobreviventes dos sindicatos "oficiais" do modelo soviético, além de sindicatos dos países árabes.
Florival Lança passou ao papel a sua reflexão e a sua experiência num pequeno volume intitulado Inter Nacional que será lançado em Lisboa no próximo dia 16 de Abril, pelas 18 horas, no auditório do Forum Plaza (a Picoas). A conversa com Florival Lança constituirá um momento privilegiado de retomar a questão das ligações internacionais da CGTP-IN, questão que ajudará a definir a natureza do sindicalismo da CGTP- IN no futuro. No fundo, é a própria questão da autonomia da central que está em questão.
Elísio Estanque, eminente sociólogo interessado por estas temáticas fará a apresentação do livro. 

Aqui fica o convite para uma discussão que será de certeza não só interessante, mas também importante.

sábado, 10 de abril de 2010

EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE E EDUCAÇÃO SEXUAL: BOAS NOTÍCIAS

Foi publicada a portaria nº 196 A, de 9 de Abril de 2010, assinada pelas ministras da Saúde e da Educação, que determina o modo de concretizar nas escolas a formação de alunos (e professores) nestas importantes áreas. Esperemos que não haja mais boicotes à concretização destas medidas. Sobretudo que não se continue a defender que estas são áreas reservadas à “família” quando se sabe que uma enorme fatia das famílias não está em condições de as assumir.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

AMIGOS DA ONÇA OU ESPECULADORES ABSOLUTOS?

Como a Grécia está com grandes dificuldades económicas e financeiras, a solução é exigir para os empréstimos a que ela tem de recorrer… a uma taxa de juro muito mais elevada daquela que, por exemplo, se exige à Alemanha. Isto é, o apoio consiste em apertar ainda mais o garrote.
Para os jogos de especulação financeira, trata-se de uma equação simples: aumenta o risco de atraso ou não pagamento, logo, há que tomar precauções: aumenta-se o juro. Para os especuladores, "jogar" com o orçamento de um país deve ser fabuloso. Até para os especuladores gregos… 
Para o grego comum, é apenas o aumento do pesadelo. É a lógica capitalista no seu melhor.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

ANTÓNIO MEXIA

1. A. J. Seguro considerou – e bem – obscenas as retribuições (salários e prémios) pagas a António Mexia enquanto gestor da EDP: coisa superior a 3 milhões de euros.

2. O discurso sobre isso produzido por A. Mexia é tão obsceno como as remunerações que recebe. Diz ele que cumpriu e superou os objectivos propostos pelos accionistas. Ou seja: os accionistas propuseram objectivos obscenos pagos de forma obscena.

3. De onde vieram os lucros que possibilitaram aos accionistas da EDP este pagamento obsceno? Em boa parte, presumo, do que cada um de nós pagou mensalmente à EDP pelo uso de energia eléctrica Significam estes lucros que todos nós poderíamos ter pago menos à EDP, isto é, poderíamos ter energia menos cara. Mas esses não eram os objectivos que a EDP e sr. Mexia definiram.

4. Mexia definiu o capitalismo da sua forma mais cínica: uma empresa deve ter o máximo de lucros – esse é o seu objectivo. Seja por que meios for. Tudo o resto é música celestial para embalar incautos.

terça-feira, 6 de abril de 2010

IDEIAS SIMPLES E CLARAS

1. A Escola Pública é melhor do que os colégios privados porque ela reflecte a sociedade tal como ela é – e por isso a formação que daí resulta para os jovens é muito mais ampla,  mais variada e mais rica.

2. Mas a função da escola também é, ou é sobretudo, transmitir, facilitar e organizar aprendizagens e competências. Aqui, a escola pública pode partir numa situação de desvantagem porque enfrenta inúmeros problemas sociais que os colégios “expulsam”. Mas a escola pública tem de ganhar esta batalha.

3. Há problemas de indisciplina mais ou menos generalizada nas escolas públicas? Há. Nas privadas não se sabe… 

4. Há casos de violência nas escolas públicas? Há alguns. Mas a ideia propalada de que as nossas escolas públicas são de forma generalizada palcos de violência é falsa. Em muitas delas, é lá que os alunos se sentem seguros. Do que se passa nos colégios, nada se sabe.

5. Ser de esquerda é exigir que as escolas públicas sejam escolas para todos, sem exclusões sociais. Mas que simultaneamente sejam as melhores em todos os campos. 

6. Cuidado com os cantos de sereia e com as manipulações: um tal GPS anda por aí e o Opus Dei e quejandos não dormem em serviço…

domingo, 4 de abril de 2010

A PÁSCOA DE UM ATEU MILITANTE

Da minha passagem pelo seminário e pela vivência religiosa (católica) ficaram muitas mágoas e frustrações. Mas sobrou uma coisa boa: a paixão pela música gregoriana. Nesta “semana santa” eu, ateu confesso e militante, desafio-vos, nuns momentos de silêncio, a ouvirem numa boa gravação o Victimae paschali laudes, o Chritus factus est pro nobis , o Popule meus… Vale a pena. É possível perceber uma intensa espiritualidade que não se confunde com a irracionalidade da crença nem com a aceitação dos disparates dogmáticos. É essa a minha forma de celebrar a Páscoa.

P.S. Fica aqui um exemplo: Christus factus est pro nobis obediens (Phil. 2:8-9). Se encontrar mais algum, por favor disponibilize-o através da caixa de comentários. Obrigado.

sábado, 3 de abril de 2010

NÃO PODEM ESTAR ACIMA DA LEI!

1. Os casos de pedofilia na igreja católica praticada pelos seus religiosos parecem surgir como cogumelos um pouco por todo o mundo ocidental. Agora fala-se dos casos (centenas) na Áustria. Escrevo “parecem surgir como cogumelos” porque em boa verdade nada demonstra que o número de pedófilos entre os padres e bispos católicos seja proporcionalmente superior ao de pedófilos na sociedade em geral. Pelo mesmo motivo também não sabemos se esta “revelação” (não do “Espírito Santo”, mas apesar dele) tem relação directa com o celibato forçado de padres e freiras – é provável que tenha, mas faltam-nos “números”.

2. Não me situarei pois no campo da moral. Da falsidade moral, pelo menos no que concerne à sexualidade, de boa parte dos padres e bispos temos todos nós ampla consciência. Eça traçou-a brilhantemente no Crime do Padre Amaro, a população trata-a com a bonomia dos dichotes: “os padres são os únicos a quem os filhos não chamam pai mas sim tios”, etc. 

3. Se a pedofilia fosse apenas um pecado, tudo se resolveria com a ida alegre a um qualquer confessionário. Pelos vistos, em boa parte dos casos, estaria o pobre do católico laico a confessar o seu pecado a quem poderia ter acabado de praticar um igualzinho mas que, em nome de deus, lho apagaria com 3 Padres Nossos e 5 Avé Marias.

4. Mas já não é disso que se trata. Nem sempre terá sido assim, mas a civilização que fomos dificilmente construindo sensibilizou-nos e transformou a pedofilia num crime. E um crime grave. É aqui que a posição da igreja é uma vergonha: como qualquer ”sociedade secreta” e poderosa, acha que os crimes dos seus membros “devem ser tratados dentro da família” como referiu um tal senhor cardeal Saraiva. Dentro dessa família, não seriam crimes, mas apenas pecados… Como responsáveis por um crime, os sacerdotes, bispos ou papas têm de ser julgados como qualquer outro cidadão. Alguns deles terão como agravamento o facto de violarem jovens que lhes eram dados para protecção. Todos eles acumularão a pena jurídica com o vexame moral de serem, pelo menos nesta matéria, aldrabões de primeira.

5. Quem poderá investigar as condições em que o tal padre Frederico, suspeito não só de pedofilia mas também de homicídio, se permitiu aproveitar uma saída precária da prisão para voar descansadinho para o Brasil com o apoio e cumplicidade do seu amigo, o então bispo do Funchal? Será que a esses “religiosos” tudo continua a ser permitido?

6. Se é verdade que deus escreve direito por linhas tortas, que toda esta “revelação” tenha um lado positivo: reduzir drasticamente o poder societal das igrejas – no caso da católica, pelo menos, o peso dos crimes ao longo da história supera por umas boas toneladas o das boas acções… E nada garante que as outras igrejas sejam melhores.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

AGORA SÃO OS SUBMARINOS...

Agora é o negócio dos submarinos e os putativos envolvidos nos milionários subornos serão do PSD e do CDS. Pode dar jeito ao Sócrates na medida em que poderão sair da ribalta a Face Oculta e o negócio da TVI. Mas estes "escândalos" anunciados (mesmo que depois não se comprovem) estão a destruir qualquer motivação para enfrentar a  tão badalada (e real) crise. Quem pede austeridade tem que ter o estatuto moral que lhe permita fazer o pedido. Sócrates não o tem; como seria de esperar, os chefes do PSD (incluindo o Durão Barroso, lá da UE) também não. Será que com estes partidos políticos ainda seremos capazes de manter o regime democrático? Não estou nada interessado em soluções musculadas, mas se não mudarmos de rumo, temos que nos aconteça qualquer coisa de desagradável.