quarta-feira, 21 de outubro de 2009

AS MÃOS #10


















Fotografia de Felizarda Barradas, professora, dirigente do SPGL e fotógrafa.

2 comentários:

  1. Nunca vi um alentejano cantar sozinho
    com egoísmo de fonte.
    Quando sente voos na garganta
    Desce o caminho,
    Da solidão do seu monte,
    E canta
    Em coro com a família do vizinho.

    JOSÉ Gomes Ferreira

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  2. As Minhas Mãos

    As minhas mãos magritas, afiladas,
    Tão brancas como a água da nascente,
    Lembram pálidas rosas entornadas
    Dum regaço de Infanta do Oriente.

    Mãos de ninfa, de fada, de vidente,
    Pobrezinhas em sedas enroladas,
    Virgens mortas em luz amortalhadas
    Pelas próprias mãos de oiro do sol-poente.

    Magras e brancas... Foram assim feitas...
    Mãos de enjeitada porque tu me enjeitas...
    Tão doces que elas são! Tão a meu gosto!

    Pra que as quero eu - Deus! - Pra que as quero eu?!
    Ó minhas mãos, aonde está o céu?
    ...Aonde estão as linhas do teu rosto?


    Florbela Espanca, in Charneca em Flor

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