terça-feira, 6 de outubro de 2009

5 DE OUTUBRO: DIA MUNDIAL DO PROFESSOR

António Nóvoa considera que o século XXI terá que assinalar o “regresso dos professores”

Falando na sessão com que a Fenprof assinalou o “Dia Mundial do Professor”, 5 de Outubro, o reitor da Universidade de Lisboa, Professor António Nóvoa, sublinhou que, contrariando tendências dos últimos decénios do século anterior, se torna necessário o “regresso dos professores”, repondo a centralidade do papel do professor e educador, papel diminuído pelo aposta numa excessiva racionalização e “tecnocratização” do ensino que tem vindo a caracterizar os últimos tempos. Torna-se necessário, sublinhou, “voltar a dar sentido à escola”, reafirmando a importância da relação pedagógica. Segundo A. Nóvoa torna-se necessário superar as dificuldades de uma escola inclusiva, uma escola em que é necessário encontrar respostas para um novo tipo de alunos, que se apresentam sem projecto próprio e sem vontade de aprender. Não basta, referiu, uma “escola para todos”, é precisa “uma aprendizagem para todos”. Considerou o orador que repor a “centralidade da profissão docente” assenta em 4 questões centrais: a formação de professores, a construção de uma “cultura profissional dos docentes”, a avaliação e a “acção pública”
Relativamente à formação, A. Nóvoa defendeu ser necessário passar a formação” para dentro das escolas e dos professores, invertendo o que hoje se passa. Referindo-se à necessidade de uma “cultura profissional”, o reitor alertou para o facto de estarmos a fazer mal a integração dos novos professores, com consequências negativas para a vida profissional. Considerou ser necessária uma forte componente colaborativa entre os professores como um sinal de identidade cultural da profissão. “Há uma forte identidade sindical”, mas fraca cultura “interna” de identidade profissional, para cuja construção se torna necessário reorganizar o espaço da Escola e introduzir dinâmicas de diferenciação.
António Nóvoa considerou que a avaliação é um elemento central de qualquer profissão, defendendo que os professores deverão defender uma avaliação “entre pares”, sendo necessário instalar uma dinâmica de avaliação centrada na prática colectiva.
António Nóvoa referiu ainda que os professores revelaram uma fortíssima capacidade de intervenção pública e sindical, mas que ainda não se fez emergir a mesma capacidade de intervenção na definição de uma concepção da Educação. Reconhecendo que os próximos anos não vão ser fáceis e que dependerão do que se conseguir fazer hoje, A. Nóvoa terminou afirmando que,apesar de todas as dúvidas, há razões para viver com a esperança de que se dê o regresso da profissionalidade da profissão docente como centro das preocupações no século XXI.

Na sua intervenção, Mário Nogueira definiu os objectivos centrais da luta dos professores, particularmente os que definiu como “objectivos a curto prazo”: a suspensão do modelo de avaliação de desempenho, o fim da divisão da carreira, a redefinição das condições de trabalho, nomeadamente dos horários. E a revisão do “ECD do ME”.

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