quarta-feira, 21 de outubro de 2009

SARAMAGO II

A SANTA ARROGÂNCIA

Os padres, os cónegos, os bispos, o papa, têm todo o direito de dizer que a visão de Saramago sobre "os textos sagrados" é a  visão de um ateu confesso e irrecuperável. Poderão até ter alguma razão se insinuarem que Saramago usou a questão da Bíblia como argumento publicitário da sua obra. O que não podem é acusá-lo de ignorante, como fez um dos seus principais porta-voz. Ao fazê-lo a igreja dogmatiza-se e medievaliza-se. Ela tem a verdade, ela tem o saber e tem por missão ensinar os ignorantes. A bem ou a mal: ou "aprendem" ou se convertem. Saramago, felizmente, não é convertível. É possuidor de uma verdade lucidamente diferente.
A igreja, graças a deus, já não possui os instrumentos "medievais" para o converter e para o obrigar a abjurar.
Saramago tem uma visão laica sobre um dos textos mais importantes da nossa cultura. Uma "leitura" muito mais humana — e portanto muito mais verdadeira — do que a leitura "sagrada" das igrejas. Estou com o Saramago!

2 comentários:

  1. Aqui já estamos de acordo! Ou melhor, mais de acordo. Mas nós, que não somos bispos nem representamos a igreja, podemos chamar ignorante ao Saramago? Ou não? João Paulo Videira.

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  2. Concordo com José Saramago e, por conseguinte, com este post.

    Poderemos nós dizer de alguém que é ignorante?
    Podemos pois. A questão é saber se de facto esse alguém é ou não ignorante e em que medida o é.
    A não ser que lhe chamemos ignorante e por uma razão muito simples: Todos nós somos ignorantes porque "Nem todos sabemos tudo".
    E quando não há melhor argumento, esse serve muito bem...

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