sexta-feira, 9 de março de 2012

À CUSTA DOS “PAPALVOS”


É verdade que levar a julgamento um ex-primeiro-ministro acusado de “negligência política” de que resultaram graves prejuízos para a população, como está a acontecer na Islândia, é tão inédito como perigoso. Mas, apesar dos riscos, é um ato purificador: se a tarefa de um político, em democracia, é servir o povo, que o elege, e ele faz um mau uso do poder que lhe é concedido, provocando a quem o elegeu enormes danos, justo é que preste realmente contas. A questão, contudo, é outra: é necessário que não sejam apenas os políticos a responder como responsáveis pela crise que nos sufoca – eles não foram mais do que os serviçais dos banqueiros e especuladores. Parece que na Islândia também lhes estão a “pedir contas”. Cá pelo nosso burgo, porém, estes continuam impávidos e serenos a passear a  arrogância de quem provocou a crise e se dá ao luxo de ganhar com ela. À custa dos “papalvos”– dirão eles.

sexta-feira, 2 de março de 2012

SAFE HOUSE, BORDEL OU PROSTÍBULO


O nome é o que menos interessa. Espero que António Costa (e a sua equipa) tenha força suficiente para concretizar esta medida de apoio às prostitutas da zona do Intendente-Baixa. Referem os jornais de hoje a intenção de criar uma casa onde as prostitutas possam estudar e exercer o seu mester (nos termos do diário Público) em segurança e com acompanhamento sanitário adequado. A ideia terá sido de quem, no terreno e não em discursos, procura dar o apoio possível às mulheres que, pelas razões mais variadas e que não nos cabe julgar, vivem da prostituição: as Irmãs Oblatas (religiosas católicas) e o GAT (grupo de luta contra o SIDA).
Um certo moralismo tem-se oposto a estas medidas, alegando que se trataria de reconhecer a prostituição como uma profissão legítima. Há que opor-lhe a dura e crua realidade: estas mulheres (e também homens, mas não é disso que se trata agora) existem, têm filhos, tem direito a que se lhes reconheça a dignidade de pessoas com os mesmos direitos que as outras.
Por mais que nos custe mudar as mentalidades, há que reconhecer que não é por ter de exercer o seu trabalho “ na rua”, sem qualquer segurança ou apoio social que uma prostituta deixa de o ser. Esta proposta, ainda em estudo, integrada no plano de requalificação da Mouraria, deve merecer o nosso aplauso. O meu, de certeza!