domingo, 4 de outubro de 2009

À MARTELADA

O texto que antecedeu esta versão do Tratado de Lisboa foi apressadamente retirado de circulação porque dois povos (França e Holanda) lhe deram uma rotunda nega e outros se preparavam para fazer o mesmo. Incapazes de convencer o povo das maravilhas que o Tratado prenunciava, os «senhores da democracia» optaram pelo método mais seguro: alteraram pontualmente o texto (para que não se dissesse que era o mesmo) e proibiram os povos de votar – fá-lo-iam apenas os iluminados representantes desses mesmos povos (mesmo que, como em Portugal, esta questão tivesse estado sempre ausente das questões discutidas entre o povo e os seus ditos representantes). Certamente por «ingenuidade», um único país – a Irlanda - manteve na sua Constituição a obrigação de referendar este tipo de tratados. Um claro não foi o resultado da vontade popular. Mas os «senhores da democracia» não desarmam facilmente: ameaças daqui, ralhetes de acolá, e toca a repetir a votação as vezes necessárias até que um sim possa surgir. Os irlandeses não são parvos nem masoquistas. Não tiveram outro remédio... Lá deram o yes.
E os checos que se cuidem. Se ameaçarem «mijar fora do penico» a mãe democracia (madrasta) lhes dará umas boas nalgadas como se faz aos meninos mal comportados.
Tempo houve em que se dizia que a democracia era do povo: agora diz-se que é dos que supostamente o representam.
Por melhor que fosse o Tratado de Lisboa (e não é, pelo menos no que respeita aos direitos sociais e económicos dos trabalhadores), o modo como foi imposto desacredita-o de vez. Tratados impostos à martelada nunca foram eficazes…

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