terça-feira, 17 de novembro de 2009

ADD #2

Por João Paulo Videira

A Avaliação do Desempenho Docente deve ser colectiva ou Individual?

Numa reunião em que participei, no passado mês de Julho, no ME, sobre o modelo de ADD proposto pela FENPROF, o então Secretário de Estado e Adjunto da Educação, Dr. Jorge Pedreira, fez a seguinte afirmação: “O ME saúda o facto de a FENPROF ter apresentado uma proposta mas não podemos aceitá-la porque a FENPROF resvala continuamente para o colectivo e a profissão docente é estritamente individual.”
Ora, parece-me que a opção por um determinado modelo para avaliar os professores portugueses passa, efectivamente, pela forma como encaramos a profissão. Ou assumimos que o nosso trabalho é estritamente individual e então fará sentido um modelo que premeie e “castigue” individualmente, ou descobrimos o óbvio que é o facto de o nosso trabalho ser, sobretudo, um trabalho de equipa e orientamos a avaliação para a análise dos resultados das equipas. Como chegar, neste caso, ao momento em que se atribui uma menção individual que tem, depois, reflexos na carreira? Assumimos aqui tais reflexos o que, como sabem, também não é pacífico ou, pelo menos, é discutível.
Parece-me que temos de assumir que a Escola é uma comunidade que presta um determinado serviço a uma outra comunidade mais lata a abrangente. E parece-me, também, que é a qualidade do serviço prestado que tem de ser continuamente avaliada e melhorada. Nessa medida a avaliação tem de ser a do serviço prestado à comunidade pela escola e, neste âmbito, das diversas equipas, órgãos, grupos dentro da mesma que em última análise têm de ser co-responsáveis com cada docente na avaliação do seu contributo para o funcionamento das equipas.
Se fizermos um raciocínio atento acerca desta matéria, haveremos de notar que falar de prestações individuais e avaliações individuais é até um paradoxo porque o que faz a diferença no processo de crescimento e aprendizagem dos jovens são as equipas e não as individualidades.
O Dr. Jorge Pedreira, e o Ministério da Educação através dele, estavam enganados na altura como, de resto, é hoje flagrante. Esperemos que a equipa de Isabel alçada não caia no mesmo erro…

2 comentários:

  1. Claro e sucinto. Na mouche!
    Subscrevo. Esperemos, atentos.

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  2. Todos os serviços são (ou devem ser) praticados para promover um bem-comum.
    Todos os profissionais em todas as empresas são avaliados individualmente pelo seu percurso/trabalho em direcção a esse bem-comum.
    Continuar a desviar as atenções do problema da não existência real de uma avaliação de desmpenho é apostar na falta de responsabilidade perante os seus actos e perante a sociedade.
    Já era altura de os professores aceitarem ou proporem um modelo avaliativo que não caísse nestas teorizações e que acabasse com o situacionismo da avaliação.

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