Percorro toda a distância que limita o meu corpo e não me encontro e, na ânsia de ser alguém, de sentir vida, procuro a minha existência perdida na solidão que me acorrenta mas que desejo, esquecedo-me no silêncio desta terra enorme, que é a minha, O Alentejo!
Percorro toda a distância
ResponderEliminarque limita o meu corpo
e não me encontro
e, na ânsia de ser alguém,
de sentir vida,
procuro a minha existência perdida
na solidão que me acorrenta
mas que desejo,
esquecedo-me no silêncio
desta terra enorme, que é a minha,
O Alentejo!
João Belém
Árvores do Alentejo
ResponderEliminarHoras mortas... Curvada aos pés do Monte
A planície é um brasido e, torturadas,
As árvores sangrentas, revoltadas,
Gritam a Deus a benção duma fonte!
E quando, manhã alta, o sol posponte
A oiro a giesta, a arder, pelas estradas,
Esfíngicas, recortam desgrenhadas
Os trágicos perfis no horizonte!
Árvores! Corações, almas que choram,
Almas iguais à minha, almas que imploram
Em vão remédio para tanta mágoa!
Árvores! Não choreis! Olhai e vede:
Também ando a gritar, morta de sede,
Pedindo a Deus a minha gota de água!
Florbela Espanca