segunda-feira, 30 de novembro de 2009

AMÉRICA LATINA

Três acontecimentos sobre a América Latina marcaram este fim de semana: a eleição de Pepe Tujica para presidente do Uruguai, as eleições nas Honduras e o início da cimeira Ibero-América Latina. Desta última falaremos no seu termo.
A eleição do antigo guerrilheiro (tupamaro?) como presidente do Uruguai, dando continuidade à vitória de Tabasquez e confirmando o domínio da esquerda nesse país, é o mais recente momento de uma viragem notável que está a ocorrer no espaço da América do Sul e Central. Após um século XX na sua quase totalidade marcado pelo predomínio de ditaduras terroristas (militares e civis), com a cumplicidade ou apoio expresso dos USA e da Europa "ocidental", concentrando obscenas riquezas nas mãos de uns tantos oligarcas e reduzindo à miséria a maioria da população, o final do século e os primeiros anos do século XXI assistem à subida ao poder de "frentes" predominantemente sociais democratas e socialistas, que contam com o apoio claro da população e que têm conseguido melhorar de forma inquestionável as condições de vida dos mais pobres. E se ainda hoje nos emocionam os relatos das lutas heróicas dos guerrilheiros contra os tiranos, e reconhecendo que o seu esforço — e que esforço, sujeitos a indizíveis condições de vida, a torturas bárbaras, a assassinatos constantes — foi necessário para chegar onde hoje estamos,  um dado se torna óbvio: só se consolida o poder com o apoio inequívoco da população, nomeadamente das populações que reconhecem a melhoria das suas condições de vida. É neste contexto que é imperioso denunciar a farsa das eleições nas Honduras, onde um golpe de estado militar afastou o presidente eleito e que procurava que o seu país "acertasse o passo" com a marcha da América Latina para a democracia. Fingir que a situação nas Honduras é "normal", que houve eleições livres e justas, e reconhecer o presidente que resultar desta farsa é criar o caldo político e cultural para o regresso ao passado das ditaduras terroristas e fascistas, ao serviço dos monopólios e de uns tantos gatunos. Vamos ver como é que a cimeira que decorre em Lisboa se posiciona: se alenta a marcha para o futuro ou se apoia o regresso ao passado.

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