A entrevista de Isabel Alçada tem suscitado diversas apreciações. A minha é apenas mais uma para o debate.
Eis então como eu “vi” a entrevista da sr.ª ministra:
1. Foi evidente a preocupação de se demarcar de Maria de Lurdes Rodrigues, embora, cortesmente, evitasse qualquer referência à sua antecessora. Mas das “grandes reformas de MLR” aproveitou a melhoria das instalações, a introdução do ensino profissional nas escolas públicas e pouco mais…
2. Sublinhou a diferença entre si e a antecessora através da expressão: “eu vou fazer porque eu sei”, “conheço as escolas e os professores”. Deixando subentender que MLR “não sabia”, isto é, não conhecia minimamente as escolas do ensino não superior. O que, convenhamos, é mesmo verdade.
3. Tornou claro que este modelo de avaliação de desempenho chegou ao fim porque era impraticável e inútil, dando assim razão aos que se lhe opuseram com firmeza. Concedeu facilmente que foi legítimo que os avaliados pusessem em causa as competência dos avaliadores, titulares ou não.
4. Deixou antever que é possível acabar com a divisão entre titulares e não titulares, embora desse também a entender que haveria outras formas de limitação ou de condicionamento da progressão na carreira.
5. Foi ao encontro das posições dos professores quando afirmou ser necessário modificar as regras dos horários, o estatuto dos alunos e repensar os currículos.
6. “Namorou” os sindicatos ao afirmar que eles seriam sempre os primeiros a conhecer as propostas e ao afirmar querer chegar a entendimento com eles. Piscou o olho à Fenprof ao divulgar ter na sua equipa de trabalho o professor Natércio Afonso, que já por várias vezes trabalhou com a Fenprof e os seus sindicatos.
7. Não endeusou os pais – o que é bem diferente da ministra anterior.
8. Reconheceu que os professores colocam os alunos em primeiro lugar, mesmo quando estão revoltados com a tutela e com problemas pessoais e profissionais.
Em síntese: o que Isabel Alçada disse foi: eu sei o que quero e tenho alguma margem de negociação. Os sindicatos têm que decidir se aproveitam ou não esta “possibilidade”.
Acho que os professores exigem que tentemos aproveitar esta possibilidade. E que devem, através dos seus sindicatos representativos, ir aumentando a pressão para que se chegue a soluções que, por dignificarem a profissão e defenderem a escola pública, possam ser aceites pela classe docente.. Há caminhos abertos; errado seria não tentar percorrê-los.
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