domingo, 20 de dezembro de 2009

DE COMO O CONSUMISMO VAI DESTRUINDO A SOCIEDADE

Dávamos grandes passeios aos domingos…
(a propósito de um passeio ao domingo pela baixa de Lisboa)

Era eu um puto de 7 ou 8 anos, puseram-me na catequese e aí me ensinaram que o domingo era o dia do Senhor, e que, para o honrar, não se trabalhava, a não ser em serviços indispensáveis. Pelos vistos, deixou de ser necessário honrar o Senhor – passeei hoje, domingo, pela Baixa e boa parte do comércio está de portas abertas, tal como essas novas catedrais que são os supermercados, shopings, centros comerciais…
Também me ensinaram que o domingo era o dia da família e dos amigos. Organizavam-se jogatanas de futebol entre os moços lá do bairro, passeios de autocarro para os mais velhos e passeava-se com os filhos, nem que o passeio fosse apenas dar uma volta de carro eléctrico ou atravessar o Tejo num cacilheiro. Hoje, ao domingo, cada vez mais trabalhadores estão ocupados nas suas empresas. A família, os amigos, que interessa isso?
A febre do consumismo, quantas vezes suportada em cartões de crédito que dificilmente se pagarão, destruiu todos os princípios. Os religiosos, mesmo para um inveterado ateu, faziam parte da nossa matriz cultural, os familiares eram suposto ser um cimento social imprescindível. Todos eles cederam o passo à loucura do consumo. Mas o que mais me magoa é que esta prática, cada vez mais disseminada, traduz uma perda de direitos de quem trabalha. Tempos houve em que, precisamente por ser excepcional, o trabalho aos domingos era mais bem remunerado que nos dias de semana. Agora vai deixando de o ser. Dir-me-ão: não se “folga” ao domingo, “folga-se” noutro dia da semana. Mas nos outros dias de semana, provavelmente, não estarão disponíveis nem os filhos, nem o (a) parceiro(a), nem os amigos.
Em breve, até mesmo as escolas terão de estar abertas para guardar os filhos dos que têm de trabalhar aos domingos – penso que a CONFAP aplaudiria.  

3 comentários:

  1. O que seria o circo sem palhaços? Daqueles que nunca mudam...

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  2. ainda bem que os comentários vão ao lápis azul, não vá dar barraca, de circo claro.~
    Nunca deixarão de nos surpreendeer estes pseudo democratas sindicalistas da voz do povo (amordaçado por eles).

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  3. ANTÓNIO: a minha inteira solidariedade para este teu espaço que conheci, agora, através do "BILROS E BERLOQUES"!
    A propósito: por onde andas, Isabel?
    Beijos para ambos da
    LUSIBERO

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