Uma nota prévia: do discurso proferido pelo presidente norte-americano conheço apenas o que a comunicação social publicou. Isso poderá tornar injustas ou não verdadeiras as apreciações que farei. Penso porém que vale a pena correr o risco.
O conceito e a defesa da "guerra justa" parecem-me incontornáveis. E num dos casos exemplificados por Obama — a resistência ao nazi-fascismo — não resta qualquer sombra de dúvida. Já quanto à questão da guerra dos Balcãs, sem pôr em causa a intervenção militar para salvar populações e o julgamento dos criminosos, resta saber se ela não foi em boa medida provocada pela intervenção externa dos países interessados em enfraquecer a então Jugoslávia. Mas enfim...
O problema que se põe é que sempre que alguém desencadeia uma guerra, o faz ou porque a acha justa ou porque conseguiu convencer boa parte das populações que ela é justa. Foi assim que os EUA se lançaram numa guerra "justa" no Vietname, foi em nome de uma guerra justa que Bush, Durão Barroso, Aznar, Blair e outros destruíram o Iraque, e, para boa parte dos portugueses, a guerra colonial foi assumida como uma guerra justa. Tudo guerras que hoje pacificamente consideradas injustas. E há alguém que hoje consiga considerar justa a guerra que levou à proclamada independência do Kosovo? Por isso, acho que, sem retirar importância à posição de Obama, há que considerar que o recurso à guerra deve ser sempre uma situação extrema e excepcional. Só excepcionalmente há guerras justas.
Se, e repito, me parece positiva esta referência ao conceito de "guerra justa", entristeceu-me a não referência a uma situação de grave injustiça: a da insuportável agressão israelita ao povo palestiniano — questão nuclear para a paz mundial . Até por contraponto ao conceito de "guerra justa": Israel tem o direito de se defender, mas não lhe assiste o direito de uma prática que, em bom rigor, se deve chamar de genocídio relativamente aos palestinianos. E é de lamentar que não tenha havido uma única referência à situação vivida por Aminatu Haidar (não está em causa o acordo ou desacordo com o princípio da independência do Sahara Ocidental. O que está em causa é a expulsão de uma cidadã do seu país por um delito de opinião. Não é isso uma violação grosseira dos direitos humanos?)
Dir-me-ão que não era suposto que Obama tratasse de tais questões específicas. Mas esse terá sido exactamente a limitação do seu discurso: cingiu-se excessivamente ao politicamente correcto. E um prémio Nobel da Paz rem de ir mais longe.
Mas, para que não restem dúvidas: ainda acredito que com Obama o mundo está menos "guerreiro."
Sr António Avelãs, vamos ter mais esperança no futuro. Não uma esperança vã de que um dia isto há de mudar mas uma esperança na mudança das nossas mentalidades.
ResponderEliminarA guerra é como qualquer acto agressivo, é normalmente injusta por ser a forma mais fácil de resolver um conflito (e lucrar!)
Sem esforços para encontrar soluções que evitem o sofrimento e perda de gente inocente não existe guerra justa.
Quantas vezes os inocentes são pesados numa decisão que envolve a balança do poder?
Não chega pensar no povo Palestiniano, Iraquiano ou Afegão, temos de tratar da humanidade como toda uma comunidade; o mundo esta a perder as fronteiras e precisamos TODOS de aprender a respeitar o próximo.
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