sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

OBAMA: UM DISCURSO DO NOBEL DA PAZ SOBRE A GUERRA

Uma nota prévia: do discurso proferido pelo presidente norte-americano conheço apenas o que a comunicação social publicou. Isso poderá tornar injustas ou não verdadeiras as apreciações que farei. Penso porém que vale a pena correr o risco.

O conceito e a defesa da "guerra justa" parecem-me incontornáveis. E num dos casos exemplificados por Obama — a resistência ao nazi-fascismo — não resta qualquer sombra de dúvida. Já quanto à questão da guerra dos Balcãs, sem pôr em causa a intervenção militar para salvar populações e o julgamento dos criminosos, resta saber se ela não foi em boa medida provocada pela intervenção externa dos países interessados em enfraquecer a então Jugoslávia. Mas  enfim...
O problema que se põe é que sempre que alguém desencadeia uma guerra, o faz ou porque a acha justa ou porque conseguiu convencer boa parte das populações que ela é justa. Foi assim que os EUA se lançaram numa guerra "justa" no Vietname, foi em nome de uma guerra justa que Bush, Durão Barroso, Aznar, Blair e outros destruíram o Iraque, e, para boa parte dos portugueses, a guerra colonial foi assumida como uma guerra justa. Tudo guerras que hoje pacificamente consideradas injustas. E há alguém que hoje consiga considerar justa a guerra que levou à proclamada independência do Kosovo? Por isso, acho que, sem retirar importância à posição de Obama, há que considerar que o recurso à guerra deve ser sempre uma situação extrema e excepcional. Só excepcionalmente há guerras justas.
Se, e repito, me parece positiva esta referência ao conceito de "guerra justa", entristeceu-me a não referência a uma situação de grave injustiça: a da insuportável agressão israelita ao povo palestiniano — questão nuclear para a paz mundial . Até por contraponto ao conceito de "guerra justa": Israel tem o direito de se defender, mas não lhe assiste o direito de uma prática que, em bom rigor, se deve chamar de genocídio relativamente aos palestinianos. E é de lamentar  que não tenha havido uma única referência à situação vivida por Aminatu Haidar (não está em causa o acordo ou desacordo com o princípio da independência do Sahara Ocidental. O que está em causa é a expulsão de uma cidadã do seu país por um delito de opinião. Não é isso uma violação grosseira dos direitos humanos?)
Dir-me-ão que não era suposto que Obama tratasse de tais questões específicas. Mas esse terá sido exactamente a limitação do seu discurso: cingiu-se excessivamente ao politicamente correcto. E um prémio Nobel da Paz rem de ir mais longe.
Mas, para que não restem dúvidas: ainda acredito que com Obama o mundo está menos "guerreiro."

1 comentário:

  1. Sr António Avelãs, vamos ter mais esperança no futuro. Não uma esperança vã de que um dia isto há de mudar mas uma esperança na mudança das nossas mentalidades.
    A guerra é como qualquer acto agressivo, é normalmente injusta por ser a forma mais fácil de resolver um conflito (e lucrar!)
    Sem esforços para encontrar soluções que evitem o sofrimento e perda de gente inocente não existe guerra justa.
    Quantas vezes os inocentes são pesados numa decisão que envolve a balança do poder?
    Não chega pensar no povo Palestiniano, Iraquiano ou Afegão, temos de tratar da humanidade como toda uma comunidade; o mundo esta a perder as fronteiras e precisamos TODOS de aprender a respeitar o próximo.

    http://www.zeitgeistmovie.com/
    http://www.thevenusproject.com/

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