sábado, 5 de dezembro de 2009

QUANDO A SITUAÇÃO ECONÓMICA DO PAÍS PASSA PARA SEGUNDO PLANO

O debate (?) parlamentar do dia de ontem (4 de Dezembro) ficará como mais um momento lamentável da vida do nosso parlamento. Boa parte do tempo que era suposto ser dedicado à procura de soluções para os graves problemas que o país atravessa –  com o desemprego necessariamente à cabeça – esgotou-se num típico exercício de baixa retórica, onde, em torno de temas à margem da questão económica, o primeiro-ministro e Ferreira Leite e Sócrates e Paulo Portas se limitaram a trocar insultos e insinuações em vez de ideias. Se as TVs me derem cópia do debate terei à minha disposição, para apresentar aos meus alunos de Filosofia, um bom exemplo do que é o mau uso da retórica, o que é fingir que se discute o que quer que seja, o que é falar sem nada dizer, o que é confundir debate de ideias com agressões ao carácter dos intervenientes. À pergunta de Louçã – houve ou não espionagem política – Sócrates respondeu que o deputado devia ter protestado contra uma qualquer outra coisa que só indirectamente tinha a ver com a questão. O mais sensato de todos foi sem dúvida Jerónimo de Sousa, mais preocupado com o problema do desemprego do que com arroubos de péssima retórica.
A imagem do primeiro-ministro vai-se assim afundando a cada dia que passa; mas como não se antevê quem o possa substituir, é o próprio regime que se vai afundando.

Sem comentários:

Enviar um comentário