O acordo assinado ontem, 7 de Janeiro, entre os sindicatos representativos da classe docente e o Ministério da Educação apresenta como principal aspecto positivo – muito importante – o facto de a progressão na carreira e o acesso ao seu topo para os bons professores e educadores ficarem assegurados, mesmo que com ritmos de progressão diferentes. Se o compararmos com a situação da carreira de 1998, teremos de o considerar um mau acordo: a progressão é mais dificultada e a carreira é muito mais extensa. Acontece porém que a comparação que tem de fazer-se é com a carreira imposta pela equipa anterior. Nessa, traduzida na sua versão final no Dec. 270/09, cerca de 2/3 dos docentes ficariam longamente retidos no topo da carreira de “professor” (na altura, índice 245), esperando amargamente que fosse libertada uma vaga na carreira dos “titulares”, o que poderia nunca acontecer. É essa situação que agora é resolvida: todos os professores com a classificação de Bom chegarão ao topo da carreira (índice 370). È uma boa vitória da luta dos docentes. Por outro lado, o acordo permite que a partir de 20 de Janeiro se inicie um novo ciclo de negociações sobre questões tão essenciais como os horários e condições de trabalho, concursos, entre outros.
Qual é porém a grande sombra que emerge deste acordo? O modelo de avaliação de desempenho. Por um lado, o ciclo avaliativo de 2 anos. Por outro – e talvez o mais complicado – o facto de a classificação “quantitativa” atribuída ser o elemento que permite a graduação nacional que determina o ritmo de passagem do 4.º escalão para o 5.º e do 6.º para o 7.º. Já se imaginou como vão ser as escolas quando os docentes lutarem por um 6,9 e não por um 6,8 – porque esta diferença pode significar que se passe mais cedo ou mais tarde para o 5.º ou 7.º escalões? Alguém acredita que os instrumentos sejam tão aferidos que permitam aos avaliadores distinções deste calibre? Temo que as escolas “colapsem”. E espero que este modelo de avaliação de desempenho não resista para lá do 1.º ciclo avaliativo.
Alguém poderá perguntar-me: então porque defendeu que se devia assinar o acordo? Por uma questão de profundo respeito para com a vida profissional dos milhares de docentes a quem Maria de Lurdes Rodrigues cerceou drasticamente a progressão da carreira.
Acordo houve de facto.
ResponderEliminarAvaliação? Duvido que haja.
Mas é o Portugal que, com uma classe que é avaliada em , Bom, Muito Bom, Excelente, tem a qualidade da educação que temos.
Agora entendo muitos dos males da educação .
Só há uma solução - o estado deve reduzir ao máximo a sua intervenção para eliminarmos, definitivamente, as utopias em que vivemos.
"Alguém poderá perguntar-me: então porque defendeu que se devia assinar o acordo? Por uma questão de profundo respeito para com a vida profissional dos milhares de docentes a quem Maria de Lurdes Rodrigues cerceou drasticamente a progressão da carreira."
ResponderEliminarNa prática este acordo não respeita minlhares de profissionais que ficarão da mesma forma estrangulados 2(duas) vezes.