segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

A IRLANDA E NÓS

1. Ainda nos lembramos dos tempos em que os nossos economistas "de referência" e boa parte dos nossos políticos nos apresentavam a Irlanda como o exemplo do sucesso que Portugal devia imitar. Era um desenvolvimento crescente, era a liberalização levada ao extremo. Sabemos hoje que todo aquele desenvolvimento e crescimento não tinha bases sólidas, era enganador. A crise pôs a nu a fragilidade do que nos impunham como "modelo".

2. Parecem não ter aprendido nada: insistem agora que Portugal deve imitar as medidas tomadas pela Irlanda, nomeadamente a redução dos salários na administração pública, a extrema contenção salarial, e as inevitáveis privatizações. Não nos iludam: face à debilidade do nosso sistema produtivo e à diminuição do investimento estrangeiro, só a manutenção/aumento do poder de compra dos trabalhadores, incluindo os trabalhadores da administração pública, permitirá a sobrevivência de um grande número de pequenas empresas, do comércio tradicional, afinal, pilar do nosso sistema de empregos.

3. É indispensável aumentar as receitas fiscais? Comecemos por travar a fuga aos impostos, nomeadamente dos bancos; combatamos a fuga aos impostos através dos off-shores e paraísos fiscais; criem-se taxas fiscais para os lucros obtidos na Bolsa… Não consta que estas medidas tenham sido tomadas pela Irlanda. É que é sempre mais fácil sobrecarregar os mais fracos.

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