sábado, 16 de janeiro de 2010

A CANDIDATURA DE ALEGRE

Aprendi em manuais de filosofia que o cepticismo foi sempre um factor importante para o desenvolvimento do conhecimento. Mas nunca li  em manuais de referência que a atitude derrotista ajudasse a resolver qualquer problema. Nesta distinção pode estar parte do problema dos portugueses. O cepticismo é uma atitude crítica e exigente: revela compreensão dos problemas, recusa do simplismo na(s( sua(s) abordagem(ns), em suma: recusa em não seguir caminhos fáceis e inúteis, mas firmeza na busca de alternativas. O derrotismo é a desistência. Sou céptico quando à possibilidade de a falta de rigor e de princípios da equipa de Sócrates, a começar por ele próprio, conduzir Portugal para uma situação de segurança económica e de justiça social. Mas acredito que o país vai ser capaz de encontrar uma saída e um rumo — por isso recuso o derrotismo. Parece-me que a candidatura presidencial de Manuel Alegre — ele próprio porta-voz de um acertado cepticismo quanto ao rumo que o país leva —, distanciando-se do inútil derrotismo esotérico, é um apelo à esperança. Uma esperança no país, uma esperança que será assumida por todos aqueles que não desistem dos valores da justiça e da solidariedade. Bons ventos a tragam!

1 comentário:

  1. triste esperança, que depende do oportunismo de quem só tem agenda própria. a justiça e a solidariedade, e a esquerda com muitos S no fim, e essas coisas todas são belas armas de retórica... mas Alegre só recusou o aparelho do PS porque este o recusou a ele - até lá estava bastante confortável com os pseudo espartilhos da partidarite, não era?
    Porque recuso o derrotismo e a política pantanosa, não aceito que o grande arauto dos "movimentos de cidadãos" só se tenha virado para eles quando lhe tiraram o poleiro do aparelho partidário. é um insulto aos verdadeiros movimentos de cidadãos, não te parece? a nossa cidadania activa merece um bocadinho mais do que ser usada. Ainda por cima quando é usada para passar a mensagem de que a grande alternativa à esquerda é o PS simultamentamente no governo, na presidência da república e na CML. Todos os confrontos de Alegre a Sócrates foram no reino da retórica pomposa, sem consequências políticas - daqui não vais levar grande justiça ou transformação social, como é óbvio.
    Se o mais à esquerda que arranjam é esta corja, serôdia mas muito espetalhona, então termino com um lugar comum poético: "não sei por onde vou, mas não vou por aí".

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