1. Mesmo antes de qualquer negociação, o Governo já decidiu que não haverá qualquer aumento nos salários na função pública. Que não há dinheiro, alegam os responsáveis governamentais. Eu até acredito que não haja. Quanto as causas para tal penúria é que convém que se discuta. O economista da CGTP e deputado do PCP Eugénio Rosa, utilizando os números divulgados por fontes oficiais sobre o desempenho da economia portuguesa em 2009, sublinha que a grande quebra de receitas fiscais verificada se deve menos à diminuição do PIB e mais à fuga e evasão fiscais que, à sombra da “crise” inúmeras empresas utilizaram. Ou seja: uns empresários “chico – espertos” fogem ao pagamento de impostos; uns falsos “sonsos” nas finanças acham isso normal e não tentam impedir a fuga – a “crise” servirá sempre para atirar areia aos olhos dos portugueses e é imperioso não irritar os senhores empresários.
2. Mas o que mais me surpreende é o anúncio de que, afinal, sempre haverá algum dinheiro. Não para os que ganham 500 ou 600 euros por mês, mas para os dirigentes e chefias – para os prémios pelo seu exercício, se atingirem os “objectivos” – prémio que receberão mesmo que o seu exercício se venha posteriormente a revelar pernicioso ou ruinoso como aconteceu com os gerentes que levaram os bancos à falência. Dirão alguns que esses prémios são essenciais para a inovação e para o progresso; outros sustentarão que esse dinheiro seria insuficiente para aumentar os vencimentos mais baixos de uma forma generalizada. Cá para mim, é mesmo uma questão de classe – para o governo, só os mais ricos merecem ser protegidos e estimulados. Para os outros – a enorme maioria – “bacalhau basta”.
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