segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

A PROPÓSITO DE UMA EVENTUAL MANIFESTAÇÃO

A realização de manifestações como forma de pressão política, de protesto contra medidas que se consideram injustas, ou mesmo de regozijo, é legítima em democracia. O que, porém, é incompatível com um regime democrático mas usual em regimes ditatoriais é que se apele à força de uma manifestação – normalmente adjectivada de “popular” – para evitar que a justiça funcione ou para que a “justiça popular” decida o que só à justiça legal compete. Cheira-me que a manifestação de apoio a José Sócrates que estará a ser convocada “anonimamente (!) por sms se enquadra no âmbito destas últimas. O país não precisa de manobras que obscureçam ainda mais a situação mas sim que se dê espaço à justiça para que se clarifique qual o grau de responsabilidade do primeiro-ministro e do PS na presumível tentativa de condicionar ilegitimamanete a comunicação social. Isto, se a justiça evidenciar que está em condições de ajuizar com a independência que lhe deveria ser intrínseca – o que também não parece claro, dados os sinais que permitem temer que também aqui a pressão do actual poder é asfixiante. 
A realização dessa putativa manifestação, se o PS dela não se demarcar com veemência, não fará mais do que agravar as fundadas suspeitas que recaem sobre Sócrates e o seu governo.  

1 comentário:

  1. Quanto a mim, o perigo dessa manisfestação reside numa eventual paralisia do nosso País.
    Eu explico:
    Imaginem que todos os "boys", colocados no topo da máguina do Estado e nas empresas tuteladas pelo mesmo, participam nessa manifestação. Será que Portugal não se afunda se essas cabecinhas pensadoras deixarem, que ainda que por umas horas, os seus poleiros conseguidos à custa do cartão partidário?
    Coitados! Imagino o que sofrem quando pensam que poderão perder os privilégios que nada lhes custou a ganhar!

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