Figo era para os portugueses uma espécie de ídolo quase imaculado. Até porque era excepcional no que mais aquece os lusos corações: o futebol. Além do mais, tinha umas pernas que deixavam as mulheres (pelo menos) de “cabeça à roda”. Figo era, além de tudo isso, cordato, falava bem, num português escorreito, e até tinha uma fundação para os mais pequenos. Figo era, numa outra versão, um quase-Amália. De repente, tudo isto se obscureceu nos meandros deste lodo mal cheiroso em que se tornou a política nacional. Ninguém se deixará convencer com a tese de uma estranha casualidade: no mesmo dia em que toma o primeiro almoço com José Sócrates e lhe manifesta publicamente o seu apoio eleitoral, Figo assina um estranhíssimo e bem pago contrato publicitário com a Taguspark, sendo que em ambos os casos há a mediação do dirigente socialista Rui Pedro Soares, um dos directores da PT (nota: uso os dados fornecidos pela imprensa – vária – que presumo confirmados). Mesmo que fosse uma invulgar coincidência, mandaria o bom senso político que tal não se verificasse. Em política, o que parece, é. E “isto” foi muito feio.
Sócrates vai caindo. Lentamente (pelo menos, a acreditar nas sondagens hoje divulgadas). É certo que não é possível manter por muito mais tempo um primeiro-ministro tão desacreditado. Mas não sei se seremos capazes de construir uma alternativa à sua esquerda. E prefiro o pior Sócrates ao melhor Rangel/Aguiar Branco/Passos Coelho.
Luís Figo foi, de facto, um excelente jogador, mas já nessa altura ele tomou opções sem se preocupar se estariam correctas ou não, contando que lhe pagassem, com certeza!
ResponderEliminarRecordo que ele assinou contrato com a Juventus e com o Parma - na mesma altura - para além da sua saída do Barcelona para o Real Madrid ter sido algo tumultuosa.
É claro que nada disto quer dizer que as notícias que têm vindo a público sejam verdadeiras, mas que há lá estranhas coincidências, isso é verdade.
Tanto José Sócrates como Luís Figo são já crescidinhos para poder fingir que aquele pequeno-almoço foi casual e sem qualquer contra partida e, por outro lado, faz-me confusão pensar que tanto um como o outro ajam daquela forma, sem qualquer pudor, como se as negociatas político-futebolisticas fossem a coisa mais natural do mundo.
Vamos esperar pelo inquérito – sim, que este caso mereceu a abertura de um inquérito, ao contrário do que aconteceu às escutas do PM, que foram, “simplesmente”, arquivadas – e pelos seus resultados e vamos pedindo a Deus ( já que não sei se poderemos confiar no PGR…) para que não seja mais um a apodrecer numa qualquer gaveta do Ministério Público. Não sei se sabem, mas há inquéritos que teimam em não ver a luz do dia, como se o próprio Sol (aqui refiro-me mesmo ao astro-rei…) tivesse vergonha do que neles consta.