segunda-feira, 18 de outubro de 2010

A EDUCAÇÃO E O ORÇAMENTO DE ESTADO

A Educação sofre no Orçamento de Estado para 2011 agora apresentado um corte de 11,2% relativamente ao ano passado. Poderá dizer-se que tal corte era inevitável face à degradação da situação económica e financeira. Talvez. Mas ao menos que não nos atirem areia para os olhos nem nos tomem por parvos. Assuma-se que se suprimem a área de projecto e o estudo acompanhado, de que não foi feita qualquer avaliação, apenas por necessidade de poupança: reduzir o número de professores. Poderá, é certo, perguntar-se se as aprendizagens estruturais destas áreas não serão mais úteis que a distribuição massiva dos "Magalhães". Mas isso não resolve. Apenas ajuda a entender os critérios muito pouco pedagógicos que imperam na 5 de Outubro.
Claro que a redução do número de professores pode também ser obtida por outros métodos, bem mais radicais, na esteira do "pensamento pedagógico" dos energúmeno (pedagogicamente falando) Lurdes e Valter: aumente-se ainda mais a carga horária dos docentes, dizendo-lhes claramente que preparação de aulas e acompanhamento dos alunos são coisas do passado, são patetices dos "filhos de Rousseau". Que ser bom professor é guardar os meninos 35 horas por semana…
Ou aumentando o número de alunos por turma, colocando-as ao nível das turmas de países como Angola e Moçambique, por exemplo. Fica também claro que a criação dos mega-agrupamentos não é mais do que uma medida de "optimização de recursos". Nós já sabíamos — escusado era terem inventado não sei quantas justificações pedagógicas para aquilo que é pedagogicamente insustentável, como em cada um dos já criados se vai vá constatando. Vão os interesses dos alunos às urtigas: criem-se mais uns mega-agrupamentos.
Acrescente-se a tudo isto a excepcional motivação provocada nos docentes pelos cortes de salário, pelo roubo do tempo de serviço, pela certeza de não progressão nem de entrada na carreira. Misture-se bem.
E para aliviar a bílis, saia uma valente gargalhada perante a afirmação de Isabel Alçada, por acaso ministra, de que nada disto impede a construção de uma escola pública de qualidade. Os privados agradecem.

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