sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

O FRETE DO PS AOS GRANDES CAPITALISTAS

A decisão da Assembleia da República de não impedir a fuga aos impostos – porque é disso que se trata – por parte das maiores empresas e dos seus grandes negócios até pode ter fundamento legal. Mas deve então ficar claro que quem nos tem vindo a governar criou leis que “legalizam” a fuga aos impostos das grandes empresas. Para o comum dos mortais a questão de fugir legalmente aos impostos não se põe – é um privilégio para os mais poderosos.
A Assembleia da República até pode ter razão: se obrigasse as empresas poderosas a pagar os impostos devidos – porque as pequenas e as médias, essas, pagam-nos – elas poderiam fugir do país. Ou seja: quem nos tem vindo a governar tratou de criar um sistema que concede aos grandes grupos financeiros e económicos o poder total sobre o país, tornando o Estado refém dos seus interesses.
Ou seja: os deputados que votaram contra a proposta que previa que se obrigassem as grandes empresas a pagar os impostos devidos aprovaram implicitamente que uma sociedade justa é a que obriga os mais pobres a pagar a dívida que os mais ricos provocaram; aprovam uma sociedade que, para combater a crise, torna os pobres ainda mais pobres, mas isenta os ricos de pagarem os impostos, tornando-os ainda mais ricos.
Os deputados que aprovaram tamanha iniquidade são os mesmos que afirmam ser necessário que a crise seja superada pelo esforço de todos equanimamente repartido: são uns hipócritas. E bem pode o Francisco de Assis “armar-se em virgem ofendida” que isso não altera a realidade: esta medida é contra quem trabalha – esses vão pagar mais impostos e ter redução de salário para cobrir o prejuízo dos que, devendo pagar, são disso “libertados” por decisão da Assembleia da República. Custa ver o PS a favor tamanho frete.

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