quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

AS ESCOLHAS ÓBVIAS DE CAVACO SILVA

Cavaco Silva saiu, verborreico, em defesa das escolas privadas, aceitando fazer coro com a campanha — sobretudo mediática — lançada pela igreja católica. Como "presidente de todos os portugueses" não lhe fica mal essa preocupação. Infelizmente não lhe ouvimos palavras de preocupação com os cortes de financiamento a que as escolas públicas — muito mais carenciadas que estas escolas privadas — vão também sofrer. São escolhas à direita — nisso Cavaco é coerente.
Verdade se diga que os governos do PS não estão "de mãos limpas" neste processo. Autorizaram a abertura de escolas privadas com contrato de associação (i.e. em que o custo pela frequência dos alunos é pago pelo Estado) em espaços geográficos onde a oferta pública era suficiente, duplicando despesas, num desperdício evidente. Por exemplo, nas Caldas da Rainha e em Coimbra.
Mas agora que o PS parece querer assumir a defesa da Escola Pública há que unir esforços contra as invectivas injustamente discriminatórias (e elitistas) do cavaquismo e da igreja católica. O que não quer dizer que não seja um dever do governo o agir de forma ponderada, negociando e respeitando os diferentes interesses em presença. Mas sempre orientado pelo princípio de que a rede de estabelecimentos públicos de ensino deve estender-se a todo o país, sem excepção, deixando o ensino particular para uma função de ensino alternativo e, portanto, pago por quem por ele optar.

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