sexta-feira, 12 de março de 2010

A VIOLÊNCIA SOBRE OS PROFESSORES

Tenho em meu poder uma carta que me foi enviada pela irmã de um professor que se suicidou.
Fui contactado por colegas de um professor a quem um aluno atirou uma cadeira.
Recebo no SPGL vários professores que se queixam da violência e da extrema indisciplina dos alunos.
Perante esta espiral o Ministério da Educação avança com medidas de reforço do poder dos directores para suspenderem mais facilmente os agressores. Como medida imediata, até pode ser adequada. Mas a questão de fundo não é essa.
É preciso recordar que o actual “estatuto do aluno” é ele próprio uma agressão aos professores. Nenhum professor que se preze recusa apoiar um aluno que por motivos justificados falta às aulas por um período prolongado. Mas um professor fica ferido na sua dignidade e no seu amor-próprio quando se vê obrigado a “dar apoio” a alunos que não vão às aulas porque não querem, ou que vão apenas para provocar e perturbar a turma. Como recompensa, exigem depois que o professor lhes dê apoio próprio, faça não sei quantas provas de recuperação (a que eles faltam…), e muito provavelmente ainda terá o encarregado de educação a pressionar e a ameaçar o professor se o não “passar”, ameaça muitas vezes apoiada pelo director e pela associação de pais. Este estatuto do aluno foi ao tempo louvaminhado como um excelente produto de Maria de Lurdes Rodrigues. A mesma equipa que propôs que os pais avaliassem os professores. A mesma cambada que inventou que os professores faltavam desalmadamente e não se interessavam pelos seus alunos. Os mesmos incompetentes que transformaram a escola numa brincadeira em que é praticamente impossível dizer a um aluno que tem de estudar (e onde, no ensino secundário, alunos, pais e directores exigem notas de 17 e 18 como quem bebe um copo de água…). Os mesmos que afastaram os professores pedagogicamente mais preparados da direcção das escolas em nome de ”lideranças” meramente administrativas e burocráticas. Os mesmos que puseram os docentes em minoria nos Conselhos Gerais…
Foi a concepção de escola como espaço sério de trabalho que foi destruída. Foi a dignidade do professor que foi espezinhada: “Perdi os professores, mas ganhei a opinião pública” — vociferou Lurdes Rodrigues, com o aplauso de um conjunto de Sousas Tavares por tudo quanto era meio de comunicação social. O resultado aí está. Eles passaram (felizmente!) e como de costume viram a sua incompetência bem agraciada. Nós, os professores, ficamos, tentando colar os cacos de uma escola que começa a não ser viável. 

2 comentários:

  1. Muito bom dia, caríssimo.

    Concordo consigo.
    A sua reflexão, termina com outra evidência “Nós, os professores, ficamos, tentando colar os cacos de uma escola que começa a não ser viável. “ nela está um indicio do problema. O sistema de ensino está a morrer. Não resulta toda a decomposição do abandono da vitalidade que anima qualquer corpo? Mas, não é pela morte que nos temos de preocupar, aquilo que nos temos de preocupar é perceber o porquê, porque tudo o que se manifesta tem o seu inicio e o seu fim. A verdadeira arte está em se fazer a transição sem se perder a verdadeira essência que anima o antigo modelo e deverá animar o novo. Que essência é essa? A Escola terá de fazer Homens e não máquinas, quando um Homem se transforma numa máquina ele animaliza-se e irá agir na Humanidade como um animal. Do que diferem os animais dos Homens? Do egoísmo, um animal vive para satisfazer as suas necessidades, O Homem só o é se tiver valores e viver pelos mesmos.

    Meu amigo Toda a Humanidade sofre de um único problema, a falta de Ética ou como os Romanos a lhe chamaram, Moral. O velho sistema à muito que está a morrer, possivelmente já passou do ponto sem retorno, urge a necessidade de a escola e porque não a civilização, aos poucos, tomar os moldes, por exemplo, nem que sejam aproximados, da civilização imaginada por Platão na sua República, porque piores dias virão.

    Abraços Fraternos

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  2. como conseguir o contacto do professor antonio avelas pois tenho uma duvida a tirar sera que ele deu aulas em santiago do cacem sendo assim ele foi meu professor no liceu e eu gostaria muito de voltar a saber noticias.

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