O esperado pingue-pongue na Comissão de Ética da Assembleia da República não faz mais do que confirmar o que todos nós já sabemos: sendo a comunicação social uma das mais importantes fontes de poder, é natural que todos os governos a tentem domesticar e in limine controlar. Fê-lo o PCP no período revolucionário, o PS na ressaca da revolução, o PSD sempre que esteve no poder. Será pois verdade que Morais Sarmento tenha pressionado o então presidente da PT como será verdade que Sócrates tenha tentado abocanhar a TVI. Deve contudo sublinhar-se que alguma coisa vem mudando: encontramos cada vez mais a consciência de jornalistas a exigir-lhes que resistam e denunciem. E isso é bom sinal. É talvez o que reste de ética neste imbróglio todo.
O meu problema de consciência é se devo dizer aos meus alunos do 10º ano, nessa área dos valores ético-políticos, que na política a ética de facto não entra. E que isso de dizer que os valores éticos se devem traduzir-se na prática política é uma fraude que serve para camuflar a verdadeira natureza da política: o uso do poder. E sempre que é preciso, o abuso desse mesmo poder. E, se possível, sem dar muito nas vistas…
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