quarta-feira, 10 de março de 2010

DO CÍRCULO À DESCRENÇA

Eu funcionário público me confesso.
Agora, que me dizem (e eu acredito) que o país está em crise, pedem-me particulares sacrifícios. Perderei poder de compra até 2013 porque o meu salário será “congelado” – o que servirá como argumento para congelar os do sector privado. Pagarei mais impostos – como os outros trabalhadores – de forma disfarçada, é certo. Alteram-me constantemente as regras para a aposentação, de modo que já não posso saber o que, nesta matéria, me vai acontecer no mês seguinte. Vou pagar por uma crise que eu não provoquei. Se, por hipótese se calhar pouco crível, em 2103 a “crise” estiver amenizada, continuarei a “pagar as favas” para que o país não entre em nova crise… E se entrar de novo em crise, quem a pagará? Eu, claro!
Ainda há uns escassos meses atrás os governantes denunciavam o que chamavam de “economia de casino”. Denunciavam as fraudes de bancos, seguradoras e similares, a quem consideravam os responsáveis por mais esta “crise”. Com os nossos impostos, salvaram-se os bancos e as seguradoras. E ei-los de novo a apregoarem os seus lucros obscenos. As seguradoras continuam a comportar-se como verdadeiras “aves de rapina”. Os bancos espremem-nos até ao tutano com juros, taxas, pagamentos de serviços. Eles fizeram a crise, nós pagámo-la. Eles enriquecem, jogam na bolsa, alimentam os off-shores, fogem aos impostos. Nós pagamos os seus crimes e vamos empobrecendo. Mas o mais absurdo é que me tentam convencer de que não podemos exterminá-los. 
Há quem chame a “isto” uma sociedade justa. Justo, justo mesmo era dar-lhes um grande coice que os mandasse… dar aquela volta.  

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