sexta-feira, 12 de novembro de 2010

PROTEJAMOS OS NOSSOS FILHOS (E OS DOS OUTROS, JÁ AGORA)

Eu sei que não vale propriamente a pena explicar a esta malta que

1. A sexualidade não é como a religião: não escolhemos ou somos educados ou iluminados para sermos seres sexuais. Nascemos assim e por isso mesmo;

2. A educação sexual existe, sempre existiu; que outra coisa é o silêncio, o tabu, que uma educação para a vivência da sexualidade? Os resultados estão à vista;

3. Ninguém é dono de ninguém, nem os pais dos filhos. Vivemos (e bem) numa sociedade que protege as crianças legalmente, atribuindo-lhes direitos. Existe uma coisa chamada escolariedade obrigatória, existem cuidados obrigatórios de saúde, e a tirania dos direitos castiga de facto os pais que não cumprem as suas obrigações;

4. A educação sexual é uma questão de saúde pública, por isso é obrigação do Estado intervir, garantindo nomeadamente o acesso à informação. Todos temos direito a ela, e temos a obrigação de não abdicar desse direito, mais não seja porque grande parte da nossa sexualidade é exercida com outros;

5. Combater a homofobia nas escolas não é sancionar ou deixar de sancionar comportamentos de qualquer espécie. É combater a violência, a discriminação, o medo e o bullying — e o Estado tem de ter princípios claros quanto a isso. Caso contrário, será um atentado à liberdade das "famílias" educar contra o racismo e a xenofobia, por exemplo;

6. Nós, os pais que acham que a educação sexual nas escolas é fundamental para os nossos filhos e para a sociedade que construímos com eles, não abdicamos do nosso dever que abordar, sempre, o assunto. Cada um com as suas ideias sobre temas como a contracepção, a relação com corpo, a castidade, as formas de relacionamento; conhecer não é exercer, mas é fundamental para que se exerça em consciência. Por outras palavras, não é por saberem o que é um preservativo que os adolescentes vão ter relações sexuais; mas se não souberem não deixam de as ter por isso, com o ligeiro detalhe de os bebés não virem de Paris nem os crucifixos serem particularmente eficazes contra as doenças sexualmente transmissíveis. Saber e assumir que somos seres sexuais não é um atentado à virgindade militante, à abstinência, ao sexo para fins meramente reprodutivos, ou ao quer que seja; aliás, garante é que são opções informadas, o que as valorizará por certo para quem as pratica;

6.1 Sim, há pais que não querem ou não sabem ou não estão para educar sobre o assunto. Azar das crianças e de quem se cruzar com elas?

7. Toda a gente se masturba. Desde muito cedo, caso não se lembrem.

Se calhar devíamos ter aproveitado para discutir o assunto mais a fundo quando teciam grandes loas à educação sexual nos debates sobre a IVG.

2 comentários:

  1. Essa gente já só consegue provocar-me um enorme tédio. Ainda bem que há 'sangue novo' para os defrontar.
    Boa Mariana!

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  2. Com tantos psicólogos no desemprego, tanta gente a precisar de ajuda! Já dizia o Sérgio: "Freud explica"!

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