domingo, 15 de agosto de 2010

AINDA SOBRE O "CHUMBO" DOS ALUNOS

As opiniões de Daniel Sampaio sobre a escola têm as vantagens de quem "está de fora" — o distanciamento é um bom "instrumento" da crítica — e os inconvenientes de quem "está de fora" — a realidade sobrepõe-se aos seus esquemas. Comungo — a minha posição é conhecida desde há muito — a tese que D.S. sustenta na sua crónica na Pública de 15 de Agosto: a reprovação de um aluno é a medida mais fácil e imediata mas está longe de ser a mais eficaz. Normalmente é mesmo a mais inútil e a mais prejudicial. Pior do que reprovar um aluno é "passá-lo" como se ele não manifestasse atrasos nas aprendizagens. Ou seja: reconhecidas que sejam as insuficiências nas aprendizagens de um aluno, a escola deveria ter condições e dinamismo suficientes para agir em tempo útil de modo a solucionar responsavelmente o problema.
Acontece que a escola não tem essas condições. Primeiro porque boa parte dos directores são meros e maus gestores: vão pressionar os professores para que, em prol do bom nome da sua escola se passem ao alunos de qualquer maneira. Depois porque os Conselhos Pedagógicos — a quem competiria tomar as decisões pedagogicamente adequadas — estão transformados em "yes-men" do director que os nomeiam, não por razões de competência mas por razões de servilismo garantido. Finalmente, porque tudo o que se afaste o mínimo que seja do que o ME "decreta" exige, para ser viável, uma caricata teia burocrática.
Agarremos o objectivo (de Daniel Sampaio, de Isabel Alçada, de muito boa gente): é necessário encontrar alternativa a este tradicional e nefasto mecanismo dos "chumbos"; que não sejam as passagens administrativas para melhorar as estatísticas. Mas para isso é indispensável alterar a escola, a começar pondo termo a este absurdo modelo de gestão e reafirmando o primado do pedagógico. Destruindo de vez as ervas daninhas semeadas por Valter Lemos e Lurdes Rodrigues. Vamos nessa?

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