sexta-feira, 6 de abril de 2012

CRISE É UMA COISA, FALTA DE RESPEITO É OUTRA


1.Organizar a vida supõe que as leis a que estamos sujeitos tenham, entre outros aspetos, a garantia de uma certa estabilidade que permita preparar o futuro. Ora a insegurança “legislativa” que hoje caracteriza Portugal é contrária quer à criação de um (dito necessário) “espírito de confiança” quer à definição de um regime democrático. Os cortes nos vencimentos e a supressão (transitória?) dos subsídios de férias e de natal criam dificuldades não aos poucos que aumenta(va)m mensalmente a sua “conta bancária” mas à esmagadora maioria para quem os salários e subsídios que confiadamente esperavam receber levaram a contrair encargos que agora se mostram incomportáveis.
A decisão ocultada até ontem de alterar as regras da aposentação antecipada vai no mesmo sentido: alguns milhares de cidadãos planearam a sua vida futura de acordo com regras que supunham estáveis. Alterá-las literalmente de um dia para o outro, às escondidas”, é mais uma ato de falta de respeito para com os cidadãos, mais próximo de práticas ditatoriais do que de regimes democráticos. Dizem que é só até 2014, mas quem pode acreditar no que se diz se nem nas leis se pode acreditar?

2. Obscenidade – é o que me apetece escrever ao ler que o FMI ficou muito perturbado pelo suicídio de um septuagenário grego levado à miséria pelas medidas que o FMI (e outros) lhe impuseram. Há momentos em que ninguém tem o direito de ser cínico.

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