terça-feira, 5 de abril de 2011

A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA SÓ REPRESENTA A VONTADE POPULAR QUANDO NOS CONVÉM?

Na sua entrevista de ontem, José Sócrates voltou à carga com a avaliação de desempenho dos professores e educadores. Ele pode ter sobre a matéria as suas opiniões, mas tratar a Assembleia da República, que tomou uma decisão maioritariamente, isto é, em nome da maioria dos portugueses, da forma soez como tratou revela apenas falta de respeito pelos órgãos da democracia portuguesa. Parece que, para o primeiro ministro em gestão, a AR só representa os portugueses quando decide de acordo com as suas ideias. Certamente que teria sido preferível que a mesma decisão tivesse sido tomada há meses e fora de um contexto eleitoral. Mas não seria por isso mais legítima do que tomada agora. Mais vale tarde do que nunca.
Sobre esta avaliação dos professores há qualquer coisa de estranho: está há 6 anos a ser tentada e nunca conseguiu chegar ao fim; mesmo que só parcialmente aplicada, continua a levantar muitas dúvidas — entre boa parte dos directores das escolas/agrupamentos e a maioria dos professores, particularmente entre os melhores professores — sobre a sua viabilidade, e, sobretudo, sobre a sua equidade. Porque sobre a sua utilidade há um consenso generalizado: é perniciosa para o trabalho nas escolas e portanto para o coração do processo ensino-aprendizagem. Costuma dizer-se que pior do que um cego é aquele que não quer mesmo ver!

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