sábado, 14 de julho de 2012

PARA PAULO PORTAS, POLÍTICA É DEMAGOGIA




Paulo Portas é um homem inteligente. Paulo Portas domina bem a arte da retórica. Sabe melhor do que ninguém que, falando para um vasto auditório, importante é dizer o que o “auditório”gosta de ouvir, mesmo que o que se diz não seja verdade. O homem forte do CDS-PP sabe muito bem que, comparando cada uma das funções, não é verdade que no “público” se ganhe mais do que no privado. Os docentes que trabalham nas escolas privadas ou cooperativas do ensino não-superior ganham praticamente o mesmo que os das escolas públicas – fruto aliás de forte campanha dos sindicatos, nomeadamente do SPGL, nesse sentido. Sabe que os médicos no “privado” ganham muito mais do que no público. Sabe que uma queixa dos gestores públicos é que ganham menos que os gestores do privado. Conhece certamente a “queixa” do atual ministro da Saúde de que perdeu muito dinheiro quando aceitou ir para o governo, deixando de ser pago pelo banco privado em que trabalhava. Os funcionários auxiliares e administrativos das escolas públicas ganham miseravelmente. E podíamos continuar a fazer comparações várias.
O ministro Paulo Portas sabe muito bem que o que, em termos absolutos, provoca que a média dos salários na função pública seja superior à do privados é o número de quadros superiores altamente qualificados que os serviços públicos, se querem ter qualidade, têm de empregar: professores (em número muito superior aos que lecionam no privado), médicos e enfermeiros (idem), juízes, técnicos das finanças, e os inúmeros licenciados necessários ao funcionamento da máquina administrativa do Estado. O sujeito sabe tudo isto. Mas sabe também que nessa maneira ordinária de fazer política, a demagogia, que é apenas a mentira mais refinada, dá sempre lucro…imediato. Talvez que uma das causas da nossa crise esteja no uso permanente das artes da demagogia na prática política.

Sem comentários:

Enviar um comentário