sábado, 14 de julho de 2012

AFINAL DE CONTAS, O QUE É UM ENSINO SUPERIOR?



1.      Este caso do ministro Relvas pode e deve ser analisado sob diferentes perspetivas. A mais óbvia: em qualquer país decente um ministro decente que se visse envolvido num caso destes teria já apresentado a sua demissão. Se a falta de decência recai sobre o país ou sobre o ministro deixo à vossa escolha.
2.      Também o impacto que terão sobre a credibilidade dos políticos as justificadíssimas dúvidas sobre as licenciaturas de José Sócrates e agora do ministro Relvas  - pelo menos eticamente fraudulentas – me parece inevitável e já tratado.
3.      Parece-me que há que questionar se em boa verdade um “ensino superior” pode em algum caso transformar uma qualquer prática ou vivência num conhecimento de nível superior. Isto é, se epistemologicamente se poderá estender para as universidades o modo de entender que presidiu – e bem - ao programa das Novas Oportunidades, pensado e limitado ao ensino não superior mas que a Lusófona ,pelos vistos, estendeu às suas licenciaturas.
Sempre entendi um ensino superior como um campo onde a fundamentação científica e portanto teórica de um qualquer conhecimento deveria ser exigência primeira, conhecimentos de resto sujeitos a procedimentos metodológicos rigorosos. Não vejo como isso se compatibilize com dar “equivalências” a cadeiras de um qualquer curso. Se uma universidade pretende salientar o “curriculum vitae” de alguém que, não sendo cientista, desempenhou papel relevante na sociedade, confere-lhe o grau de doutor “honoris causa”, isto é, distingue-o tendo em atenção o seu valor como pessoa, o que é bem diferente de lhe dar equivalências científicas. Quanto muito Relvas podia ser licenciado “honoris causa”… o que seria uma ofensa para a tradição da concessão desta distinção honorífica.

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