1.
Este caso do ministro Relvas pode e deve ser
analisado sob diferentes perspetivas. A mais óbvia: em qualquer país decente um
ministro decente que se visse envolvido num caso destes teria já apresentado a
sua demissão. Se a falta de decência recai sobre o país ou sobre o ministro
deixo à vossa escolha.
2.
Também o impacto que terão sobre a credibilidade
dos políticos as justificadíssimas dúvidas sobre as licenciaturas de José
Sócrates e agora do ministro Relvas -
pelo menos eticamente fraudulentas – me parece inevitável e já tratado.
3.
Parece-me que há que questionar se em boa
verdade um “ensino superior” pode em algum caso transformar uma qualquer
prática ou vivência num conhecimento de nível superior. Isto é, se
epistemologicamente se poderá estender para as universidades o modo de entender
que presidiu – e bem - ao programa das Novas Oportunidades, pensado e limitado
ao ensino não superior mas que a Lusófona ,pelos vistos, estendeu às suas
licenciaturas.
Sempre entendi um ensino superior como um
campo onde a fundamentação científica e portanto teórica de um qualquer
conhecimento deveria ser exigência primeira, conhecimentos de resto sujeitos a
procedimentos metodológicos rigorosos. Não vejo como isso se compatibilize com
dar “equivalências” a cadeiras de um qualquer curso. Se uma universidade
pretende salientar o “curriculum vitae” de alguém que, não sendo cientista,
desempenhou papel relevante na sociedade, confere-lhe o grau de doutor “honoris
causa”, isto é, distingue-o tendo em atenção o seu valor como pessoa, o que é
bem diferente de lhe dar equivalências científicas. Quanto muito Relvas podia
ser licenciado “honoris causa”… o que seria uma ofensa para a tradição da
concessão desta distinção honorífica.
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