sábado, 20 de agosto de 2011

SOBRE AVALIAÇÂO DOS PROFESSORES – NOTAS SOLTAS SOBRE A QUESTÃO DAS “QUOTAS”

1. Obviamente, não faz sentido que um profissional (neste caso, professor ou educador) que seja Muito Bom ou Excelente deixe de o ser só porque no seu local de trabalho se esgotou a “quota atribuível”. Ou seja, se estivesse noutra escola, fazendo exactamente o mesmo, poderia passar para o grupo dos excepcionais… Ser Muito Bom ou Excelente professor deve significar um mérito absoluto e como tal reconhecido.

2. Numa “visão” rápida sobre o que se passa nas escolas, parece-me poder dizer-se que são os professores contratados que mais se candidatam a notas de excelência; pelo contrário, em muitas escolas o número de candidatos a notas de mérito excepcional entre os docentes dos quadros é notoriamente inferior ao número de vagas disponível. Situação, um pouco “convexa”, mas facilmente explicável: os contratados tentam uma melhor posição para o concurso de contratação (porque se mantém o princípio irresponsável e fraudulento de fazer incidir as classificações de Muito Bom e Excelente na graduação para concurso); os docentes dos quadros, como não há concurso, nada beneficiam com a atribuição dessas notas de mérito.

3. Escolas há em que todos os docentes contratados se candidataram a notas de mérito excepcional e todos atingiram os 80 pontos necessários… A discriminação face ao número de vagas que a escola dispõe terá sido então feita por uns quaisquer critérios que seguramente não serão aceites pelos excluídos.

4. Tudo isto aponta para uma “evidência”: não há qualquer possibilidade de resolver de forma justa a atribuição de Muito Bom e Excelente (divisão também dificilmente aceitável) a não ser por uma definição clara, rigorosa e sobretudo muito exigente das condições em que tal distinção pode ser adquirida. É isso que tem faltado. Alguém acredita que 25% ou 30% por cento dos nossos docentes sejam excelentes ou muito bons? Se assim fosse, teríamos certamente o melhor sistema educativo do mundo! (Repare-se que, se não fosse a irracionalidade das “quotas”, o número de docentes muito bons ou excelentes atingiria valores ainda mais elevados.) A maioria esmagadora dos nossos professores são bons profissionais, dedicados e competentes – não são excepcionais nem incompetentes. A incapacidade de definir critérios objectivamente discriminativos da necessariamente escassa minoria dos excepcionais justifica esta situação anómala em que caímos e que a imposição de quotas apenas torna mais caricata.

5. Recordemos que no modelo de avaliação anterior (de 1998, salvo erro) estava prevista a elaboração de regulamentação de acesso a classificações de mérito, no caso, Bom e Muito Bom, regulamentação essa que nunca foi apresentada.

6. Professores de facto excepcionais são facilmente reconhecidos na escola pelos seus pares, sendo que muitos deles se recusam a participar nesta fantochada e não se candidatam a essas menções. Mas são eles os professores de referência nas escolas. Pelo contrário, espalham-se os sorrisos amarelos e os significativos encolher de ombros perante a distinção de mérito dada a professores que reconhecidamente serão, na melhor das hipóteses, tão bons como a maioria dos professores da escola. (Em muitas escolas, para que a vergonha não seja notada, nunca se chega a saber quem é que teve essas menções de mérito!)

7. Recordo os professores que tive ao longo da minha “escolaridade” e, francamente, apenas a um atribuiria inequivocamente o título de Muito Bom: ao meu saudoso professor de Literatura no então Liceu D. João de Castro, o Luís Simões Gomes…

Concluindo:

* A posição dos professores e educadores só pode ser a de rejeição das quotas;

* ou se definem critérios suficientemente exigentes para que as classificações de mérito façam sentido e sejam “verdadeiras” ou é melhor acabar com “esquemas” que se tornam caricatos porque conduzem necessariamente a uma proliferação inconsequentes de menções de mérito excepcional.

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