terça-feira, 9 de agosto de 2011

A REVOLTA DOS JOVENS INGLESES: VERSO E REVERSO

Frontalmente contra a pena de morte e outras mortes evitáveis, congratulo-me sempre que alguém se manifesta denunciando o facto de um polícia matar quem lhe desobedece, salvo evidentemente situações excepcionais em que a vida do polícia ou de outrem se encontre ameaçada. Não conhecendo os contornos explícitos do que ocorreu nos subúrbios de Londres, devo dizer que a minha primeira reação foi de apoio aos manifestantes. Que a situação tenha sido aproveitada para a revolta dos muitos milhares de desempregados do bairro, pareceu-me óptimo: é salutar que quem é vítima de tão tremenda injustiça diga da sua justiça. Usam a violência? Não serão eles vítimas quotidianas de uma outra e mais dura forma de violência?
O reverso porém manifesta-se quando as vítimas dessa revolta são os pacatos carritos dos seus pacatos concidadãos, talvez tão desempregados como eles; ou as lojas de pequenos comerciantes (feio: parece que as lojas mais assaltadas são as lojas dos computadores, telemóveis e quejandos) ou simples casas de habitação. O desespero cega e os que deveriam ser potenciais aliados são tornados vítimas. Os responsáveis pelas injustiças, esses passam impunes à violência do desespero. Não há aqui qualquer racionalidade. Bem sei que é fácil a quem está de fora e mais ou menos instalado pedir racionalidade nos comportamentos aos desesperados e que estes dificilmente nos atenderão. Talvez haja nestas revoltas uma racionalidade global que não coincida com a racionalidade de cada ato isolado. Ou talvez haja a confusão entre o que deveria ser uma revolta politizada e meros atos de vandalismo. Vamos ver no que isto dá!

(Nota: estou a habituar-me ao novo Acordo Ortográfico: Desculpem qualquer gralha...)

Sem comentários:

Enviar um comentário