Não acompanhei – nem me apetece acompanhar – a polémica entre Louçã e Rui Tavares. Não sou do Bloco de Esquerda pelo que essas coisas “internas” me passam ao lado. Leio com muito interesse os textos que Rui Tavares publica no jornal Público. São textos lúcidos, politicamente inteligentes, de uma esquerda que não se limita a repetir ideias feitas. Tenho pena que uma voz tão interessante se afaste do BE. Admito, como outros sugerem, que a decisão de Rui Tavares seja demasiado “radical” face à importância da questão que provocou a cisão. Mas obviamente há dados que só eles conhecem pelo que não posso fazer juízos definitivos. Espero é que Rui Tavares continue a questionar-nos e a estimular-nos.
Uma pergunta incómoda: estará o BE a tornar-se demasiado igual a todos os outros partidos? O ambiente de crise que parece atravessar o BE é tudo o que a esquerda portuguesa não precisa. Mas talvez mereça.
A mim também não me aflige, em nada, o futuro do BE, e muito menos o futuro politico dos seus dirigentes. Senti alguma simpatia pela irreverência do BE nos seus primeiros tempos mas isso é algo que já lá vai há muitas legislações. Com o tempo perdeu a graça.
ResponderEliminarFeita a "declaração de interesses", quando surgiu na imprensa o tal artigo de Rui Tavares fui à página do Facebook de Louça ler o que o próprio tinha de facto escrito. Depois de ler o texto só posso compreender o artigo de Rui Tavares como o de alguém que quer simplesmente arranjar motivo para implicar com Louça (e com o BE).
Louça, no seu texto, limita-se a descrever os factos tal como lhe lhe chegaram ao conhecimento. Afirma estranhar que os jornalistas tenham ambos citado a mesma fonte relativa ao quarteto fundador do BE, faz ponte final e repõe a verdade.
Por outro lado, como hoje sabemos, Rui Taveira já tinha iniciado, há algum tempo, os seus movimentos para se aliar aos Verdes do Parlamento Europeu, o que acaba por me dar alguma razão quando eu defendo que o "agaste" de Rui Taveira não passa de uma grande fita para justificar e branquear a sua transferência para a outra "equipa" europeia.
Os seus verdadeiros motivos não sei quais serão, mas isso é algo que o próprio deverá dizer aos que o elegeram não a mim que não votei nele.
Por outro lado, também não me parece que os seus eleitores tenham votado nele para que ele defendesse no PE as ideias dos "Verdes", pelo que a atitude mais decente seria abdicar do mandato, mas isso talvez seja pedir demais a um ex-"independente" do BE.
Quanto ao futuro do BE, depois da posição tomada face à questão da troika, não acredito que volte a recuperar os deputados que já teve no Parlamento. Irá certamente desaparecer ou ficar limitado a 1 ou 2 deputados (há sempre alguém que resiste, como disse em tempos o poeta). No dia que o Louça sair, ou "cair", aquilo vem tudo abaixo.