1. Voltámos ao reino do masculino. E, recusando desde já generalizações precipitadas, há que dizer que do reino do feminino, nestas questões de ministros, não ficam boas memórias. Por razões diferentes: Lurdes Rodrigues pelo seu entranhado ódio aos professores, Isabel Alçada pela sua inexistência política.
2. Manda o bom senso que nunca se tracem quadros demasiado definitivos sobre um novo ministro, neste caso o professor Nuno Crato. As suas diatribes mais ou menos inflamadas contra os sindicatos dos professores e contra as “ciências da educação” devem ser analisadas no contexto de um discurso televisivo, pouco exigente, aqui e ali desnecessariamente populista e a deixar antever evidentes falhas de informação sobre a realidade. E é da realidade que Nuno Crato vai ter de tratar. Espero francamente que Nuno Crato ponha na análise das situações quotidianas vividas pelas escolas e pelos professores e educadores o rigor e a (possível) isenção, apanágios de um espírito científico.
3. Há que ser objectivo no significado que damos a cada conceito: todos nós certamente somos pelo “rigor das aprendizagens” e contra o “facilitismo”. Mas não é certo que o que Nuno Crato chama de rigor e de facilitismo tenha o mesmo significado para os docentes que utilizam esses mesmos vocábulos. Como a expressão “escola pública de qualidade” poderá não significar o mesmo para os diferentes “quadrantes” que a usam.
4. A postura dos sindicatos dos professores só pode ser uma: exigir medidas que reconduzam a escola à sua função primordial e que possam pacificar o conturbado ambiente escolar – nomeadamente pondo termo desde já ao actual modelo de avaliação de desempenho; exigir que os professores possam de facto ser professores – o que exige o respeito pelos seus horários e pelo seu estatuto profissional; exigir que a escola pública, que é a escola para todos, seja a mais apoiada de modo a ser a de melhor qualidade.
5. Aos professores e educadores exige-se, talvez mais do que nunca, que saiam da sua apática modorra, que definam a escola que querem e a profissão que exigem. Contra ou a favor do novo ministro, vai depender das suas políticas, da sua competência, da sua capacidade de “ler” o que se passa no quotidiano das nossas escolas.
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