domingo, 13 de fevereiro de 2011

AINDA OS DEOLINDA E A PRECARIEDADE

São sempre (?) os que não vivem situações dramáticas os que se apressam a explicar “racionalmente” o porquê das situações de angústia em que os outros vivem. Políticos, empresários, “pensadores” e comentadores, todos eles com emprego sólido e garantido, com subsídio de férias, 13.º mês e outraa prebendas, encarregar-se-ão de teorizar sobre o “êxito” e a popularidade do “Parva que sou”. Explicarão que a canção denuncia uma situação real, que obviamente lamentarão, mas que não é mais do que a situação “inevitável” e necessária ao desenvolvimento do país (e serão pagos para o dizer e escrever).
Estes “ideólogos” foram – e continuam a ser – muito bem pagos para nos tentar convencer que o “emprego estável” é um mito definitivamente enterrado – e daí que apostem na precarização radical das relações laborais – e que a ”mudança” de emprego e de empresa até é muito saudável – trabalhar no mesmo toda a vida é um colossal aborrecimento! Insistirão que, num mundo de doentia competitividade, só o “mérito” triunfa, sabendo eles melhor que ninguém que o “mérito” mais eficaz é o da “cunha”, do nome de família ou de cartão do partido – sobretudo se for o do governo. Entoaram – e continuarão a entoar – laudas ao valor do individualismo – essa “coisa” da solidariedade e da acção colectiva é uma peste do passado, dos conservadores, dos sindicatos.
“Parva que sou” pode ser um sinal claro de que já não há espaço para “engolir” mais teorias mentirosas. Que a canção seja o elo a ligar todos os que vivem a precariedade permanente como falso “modelo de vida”. Os “ideólogos” do capital lá estarão para argumentar que não vale a pena revoltarem-se: quem manda são “os mercados” e eles não gostam de confusões. Há, porém, uma coisa que a revolta pode devolver: a dignidade, o que, para uma geração destruída, não é coisa de somenos.

Nota final: Li na comunicação social que está a ser lançada a ideia de uma acção de protesto para o dia 12 de Março. Nesse mesmo dia, está marcada uma acção dos professores para o Campo Pequeno – e entre os professores há muitos em situação de precariedade permanente. E dia 19 de Março parece que haverá uma manif da CGTP-IN. Não será possível evitar coincidências?

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