sexta-feira, 8 de julho de 2011

MERCADOS

1. Não sei se é gozo masoquista se é revolta o que sinto ao ouvir todos os grandes teóricos de economia do PSD e CDS — e as suas réplicas na comunicação social - invectivando com linguagem própria do PCP e do BE as agências de rating. Não é que não tenham razão — têm-na mais do que nunca. É que são os mesmos que sempre incensaram o mercado — que ele autorregula a economia no sentido da justiça e do progresso e outras ideias que tais. Ora, as agências de rating, na lógica do capitalismo, são os reguladores do próprio mercado. Teoricamente, dizem aos accionistas e grandes investidores onde devem investir, de acordo com a possibilidade de maiores lucros.
Contrariamente ao posicionamento oportunístico destes "teóricos" de direita, as agências estão a cumprir o seu papel:criar condições para que os capitalistas o sejam, isto é, que ganhem a maior quantidade de dinheiro possível. Ao provocarem esta crise em Portugal, articulada, por exemplo, com o abandono das golden shares do Estado, estão a proporcionar aos beneméritos investidores a compra «a pataco» de empresas como a EDP, a GALP e outras do mesmo género. Seguir-se-ão os bancos e daí por diante? Este comportamento, para o qual é indiferente o seu efeito catastrófico para a maioria da população, é perfeitamente lógico. É imoral, porque este capitalismo é imoral. Mas isso escondem-no os nossos grandes teóricos de direita.

2. Mas esta imoralidade racional , dizem alguns entendidos, tem uma explicação coerente: são manobras conscientes do interesse da economia do dólar (norte americana) contra os interesses da economia do euro (europeia). Não é o capitalismo o reino da livre concorrência? Pois…

Dramático é que quem paga estas guerras de tubarões são os que ganham honradamente o seu escasso ordenado no duro trabalho quotidiano. Não fazem parte dos lucros, mas pagam as favas das lutas que outros provocam.

Sem comentários:

Enviar um comentário