domingo, 16 de outubro de 2011

CLARO QUE VALEU A PENA!

Uma maneira de diminuir a inportância da Manif dos Indignados é insistir na sua comparação com a de 12 de março. É certo que a de 15 de Outubro tinha menos gente. Fundamentalmente porque a direita, que apostara em 12 de março para debilitar o governo de José Sócrates, não esteve nesta, que, de certo modo, foi de contestação ao governo PSD/CD. Em Lisboa, pelo menos, foi uma bela manifestação e devemos dizer isto muitas vezes — não só porque é verdade, mas também para limitar os efeitos da contrainformação. Por outro lado, foi mesmo uma manifestação internacionalista, coisa de sublinhar, nestes tempos em que o internacionalismo proletário se tornou num mero slogan e em que as centrais sindicais mundiais parecem não estar à altura dos acontecimentos.

Mas a continuação exige alguns cuidados:

1. perceber que as chamadas assembleias populares — que nestes processos desempenham um papel simbólico importante — não podem ser vistas como alternativa à democracia representativa. Tal significaria o acentuar do carater antipartidos que ainda era visível em algumas faixas e pancartas. Este populismo, nas atuais circunstâncias, só serve para enfraquecer e dividir.

2. A anunciada nova manif de 26 de Novembro não pode ser inferior a esta (não sei se terá também dimensão internacionalista) e terá que definir muito melhos os seus temas fortes.

3. A indignação é um estado de espírito. Poderá ser um sobressalto ético. Mas não é uma proposta política — e isso é o que é necessário ir construindo.

4. É necessário ir construindo lideranças para que não estejamos sempre no mesmo ponto.

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