terça-feira, 28 de setembro de 2010

E AMANHÃ VAMOS TAMBÉM...


… à Conferência sobre o Médio Oriente
Pelo professor Normas Filkenstein, Na Secundária Camões, às 18h30.
VAMOS A ISTO!

AMANHÃ, DIA 29, VAMOS À MANIF…

Que isto de andarem a gozar com o “pagode” há já muito que passou das marcas! Por toda a Europa, os trabalhadores vão manifestar-se.
Em Lisboa, às 15 horas no Marquês de Pombal.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

CONTENÇÃO SALARIAL OU A AMBIGUIDADE DAS PALAVRAS

Está na moda recomendar ao governo a “necessária contenção salarial na administração pública” (e, por arrastamento, para todos os trabalhadores do privado). Aconselhar contenção deixa no ar a ideia de que não a tem havido, que o governo tem sido um “mão largas” para os seus trabalhadores. Ora nada disso acontece. Se exceptuarmos o aumento de 2,9 há dois anos, que, infelizmente, significou um aumento de 3,4 face ao crescimento negativo da nossa economia, os aumentos salariais na administração pública têm sido, nos últimos anos, inferiores à inflação e mesmo de congelamento. Mais do que contenção, o que tem havido é uma real e agravada diminuição do poder de compra, com consequências muito negativas não só para cada um dos trabalhadores mas também para o dinamismo da economia. Portanto, vão impingir essa da contenção a “outros”. Ou então levem-na a sério: contenção significa aumento, mesmo que “contido”, isto é, pequeno…

domingo, 26 de setembro de 2010

EL GRAN CASINO EUROPEO

El gran casino europeo from ATTAC.TV on Vimeo.


A CRISE DA ESQUERDA

Confesso que estou dividido. Acho que têm razão os que comparam a birra Passos Coelho/José Sócrates a uma birra de putos na escola primária. Diz o Passos Coelho que o Sócrates é um queixinhas que vai dizer aos outros (à praça pública) o segredo que ele lhe disse – só para ele – e que, portanto, não lhe diz mais segredos; responde o Sócrates que ele não lhe disse que era segredo e que portanto pôde dizer a quem quis ouvir o que Passos Coelho lhe dissera… O Cavaco vai fazer de avozinho: “Os meninos têm que se portar bem e é muito feio andar a dizer mal do outro”. O orçamento passará porque tem de passar e o governo vai continuar a fingir que governa. Qual o papel que me resta? Protestar e dizer que não quero ser vítima das suas birras – porque é para os trabalhadores que vai ficar a “fava”. Por isso – e não só – lá estarei no dia 29 de Setembro a gritar “Respeitem quem trabalha”! Nós – os trabalhadores – não temos que pagar mais impostos só porque os ricaços e os bancos os não pagam. E porque pagamos os nossos impostos temos direito ao Serviço Nacional de Saúde e à Escola Pública – não temos dinheiro para hospitais e colégios privados (e mesmo que tivéssemos) e exigimos ser tão bem tratados como nesses paraísos (??) privados.
Porque estou dividido? Porque o que se impunha era correr com estes meninos birrentos. Só que não tenho ninguém para por no lugar deles que faça diferente do que eles fazem… A este dilema se chama a crise da Esquerda.

PRIMAVERA #15















Fotografia de Felizarda Barradas, professora, dirigente do SPGL e fotógrafa.

BRASIL: O COMBATE À POBREZA E A INFELICIDADE DE UM TÍTULO DO PÚBLICO

Um jornalista sabe melhor que ninguém que um título é a parte mais importante do que se escreve num jornal – é o que se lê logo, deixando para mais tarde ou para nunca o corpo do texto. Não creio pois que seja por mera “distracção” que o Editorial do Público de domingo, 26 de Setembro, tenha como um dos títulos ”A persistência da pobreza no Brasil”. É que, como resulta da leitura do “corpo do texto” o título poderia também ser “A redução da pobreza no Brasil”. Este segundo título daria de imediato uma visão positiva do trabalho de Lula – reconhecendo-se contudo que a pobreza ainda persiste. O título escolhido tende a desvalorizar Lula – afinal a pobreza persiste. Como quem insinua que Lula não valeu a pena.
Claro: tenho de admitir que o autor do texto não goste de Lula – está no seu direito… O texto, de resto, retoma uma das críticas mais frequentes feitas pelo jornalismo aos governos que nos últimos anos estão a tentar inverter “as coisas” na América Latina. Sobre Chavez, sobre Lula, sobre o presidente da Bolívia: estão a usar o dinheiro das suas riquezas naturais para subsidiarem o povo, isto é, para subsidiarem quem vive na maior das pobrezas. Os dinheiros do Estado podem servir para subsidiar bancos e banqueiros, “coronéis” e empresários, generais e políticos corruptos – são “investimento na economia produtiva”, dizem. Para tirar o povo da miséria, é dinheiro desperdiçado – alegam que cria “milhões de pessoas dependentes da ajuda pública”.
Claro que o desenvolvimento económico de um país não pode basear-se na política do subsídio social; mas é missão de um Estado com preocupações democráticas encontrar apoios e subsídios para os milhões que, na América Latina, foram condenados – pelos anteriores governos ultra-liberais e não raro de cariz ditatorial e fascista – à mais degradante pobreza.
É por isso que espero que Dilma ganhe e aprofunde o rumo traçado por Lula.
Nota: A pobreza persiste no Brasil. E em Portugal não estará mesmo a aumentar?

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

UM APLAUSO PARA OS POLÍCIAS E SEUS SINDICATOS!

Foi uma atitude corajosa esta de "acamparem" lá no Terreiro do Paço. E para já parece que deu resultado: haverá o dinheiro para as progressões. Se não foi a solução ideal e justa —nunca é! —, foi pelo menos uma solução positiva, dizem-no os dirigentes sindicais. Sei, por experiência familiar (pelo "bófia" da família), que os polícias ganham pouco e têm uma vida difícil. Difícil até porque o exercício da sua função exige uma sábia ponderação para o "bom uso" da força e da repressão, condições inevitáveis para uma cidade segura. Ora, quem está descrente, magoado e mal pago terá toda a tendência ou para não usar a força quando necessária ou exercê-la de forma bruta e inadequada. Tenho para mim que o comportamento da PSP melhorou muito nos últimos tempos — e isso dá-me segurança. O tratamento justo e adequado das suas reivindicações salariais (entre outras) é um factor positivo para a segurança de todos nós. Por isso, regozijo-me pela vitória que os agentes da PSP obtiveram. Sirvam-nos eles de exemplo.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

O VIRUS DA "ADMINISTRATIVITE" TAMBÉM "FAZ DAS SUAS"

Por mais que queiramos fingir que nada se passa, não podemos evitar um sorriso amarelo de revolta: a escola EB1 de Várzea de Abrunhais (Lamego), premiada pela Microsoft com a entrada na rede mundial de escolas inovadoras, foi encerrada pelo ME (foi uma das 701…). Os seus 32 alunos (não eram só as que tivessem menos de 21 que fechavam?) foram parar a uma outra onde não há telefone nem Internet, noticia o Público do dia 23.
Certamente que o ME conhece bem “o terreno”. A escola que para a Microsoft é de excelência, é para o ME uma escola de elevado insucesso (caso contrário, tendo mais de 20 alunos, como se justifica o seu encerramento?). Parece que o ME declarou guerra à Microsoft e às novas tecnologias. Estaremos todos “passados”?

VAMOS?

Por Myriam Zaluar

Uma amiga de uma amiga minha está numa situação desesperada. Ela e o marido estão desempregados há três anos e vão agora perder o subsídio. Com uma filha para sustentar, as contas para pagar (e os credores não se compadecem das nossas dificuldades), e as oportunidades que não há meio de surgirem, a depressão, o desalento e a indigência estão à espreita. É um exemplo entre tantos outros de novos pobres. Nada de especial, se não fosse o caso de esta minha amiga e mais algumas estarem atentas e terem posto em marcha uma cadeia de solidariedade semi-caseira (http://portiamiga.blogspot.com). Temos de ser uns para os outros, ó se temos. Claro que temos. E sempre foi assim. Nas aldeias, nos povoados, nas terras de gente simples, nas famílias. Quando uns entram em estado de carência, os outros vêm em seu socorro. Até aqui nada de especial.
Só que depois começamos a pensar. Esta amiga da minha amiga - chamemos-lhe Paula, para facilitar as coisas e porque foi esse o nome fictício que a minha amiga e outras lhe deram no blog que criaram para ajudar a Paula - até que tem sorte, diriam alguns. Porque as amigas e as amigas das amigas estão lá e mesmo muitas delas estando a passar também elas por momentos mais difíceis, arranja-se sempre alguma coisa para ajudar alguém que está pior do que nós. Onde comem X comem, X + 1, diz o povo e com razão. Mas não será este exactamente o princípio da solidariedade social que está na base do moribundo Estado Providência? Não será esta exactamente a ideia que fez nascer aquilo a que a Paula e tantas outras Paulas neste país estão a perder diariamente sob pretexto da crise, do PEC, da dívida externa, do déficit, do equilíbrio financeiro, do diabo a sete? Ou alguém acredita que a Paula e o marido, que toda a vida trabalharam, que têm uma filha, que estão à beira dos quarenta, que estão a desesperar, alguém acredita que estes dois são uns malandros preguiçosos e parasitas que não querem trabalhar???
E o que está a acontecer? O que está a acontecer é que as Paulas deste País estão a ser ajudadas pela "iniciativa privada" em cadeias mais ou menos publicitadas ou pela solidariedade familiar, quando há décadas se inventou um sistema organizado no qual todos ajudam em função das suas possibilidades. A diferença entre a cadeia inventada pela minha amiga para ajudar a Paula e o sistema que alguns querem agora destruir é simples, mas ao mesmo tempo abismal: nesta cadeia dá quem quer e quem quer é normalmente gente que também está a passar dificuldades, talvez as piores da sua vida. Gente que também está desempregada e não tem subsídio, gente precária, mas que se dispõe mesmo assim a prestar uma ajuda precária a uma família em estado precário. Entretanto sabemos que 70% das empresas deste país não pagam impostos. E que o sistema organizado que foi inventado há décadas para ajudar quem está em situação dificil, um sistema no qual todos participam em função das possibilidades de cada um e não em função daquilo que cada acha que deve fazer, esse está por um fio. Porque há quem diga que a Paula é uma preguiçosa que não quer trabalhar. Há quem ache que a Paula, as Paulas deste país abusam das ajudas do Estado. Há quem faça questão de esquecer e nos esconder que o Estado somos todos nós. Há quem organize sistemas de "caridade" em que as empresas escoam os seus excedentes numa atitude de hipocrisia flagrante e ainda passam por beneméritos - ou seja, ainda ganham dividendos à conta dos mais pobres e excluídos. Porque a solidariedade não é uma questão de boa-vontade, de esmola, de brincar aos bonzinhos. A solidariedade não é inventar esquemas de ganhar rios de dinheiro à conta dos terramotos no Haiti e das inundações na Madeira. Quanto terá ganho a PT em chamadas de valor acrescentado à conta da solidariedade bem-intencionada dos mais pobres deste país? E se experimentassem a justa distribuição, para variar? E se experimentassem pagar impostos? E se experimentassem restabelecer os contratos de trabalho dignos? E se experimentassem pagar a segurança social dos trabalhadores? E se experimentassem parar de atirar areia para os olhos do povo?
E nós? E se experimentássemos falar sobre isso? Se experimentássemos obrigar quem pode a pagar o que deve? Se experimentássemos a organização e o debate. É disto que Vamos falar logo à tarde. Vamos?

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

PRIMAVERA #14



















Fotografia de Felizarda Barradas, professora, dirigente do SPGL e fotógrafa.

MITOS "MAUS" QUE SE DESFAZEM

Mas nem tudo são más notícias. Os números da ONU esclarecem que, apesar do "sovinice" dos países mais ricos (Alemanha, França…), alguns dos mais pobres países de África registam grandes progressos na luta contra o subdesenvolvimento, nomeadamente na luta contra a fome: a Etiópia, o Uganda, o Burkina Fasso. o Malavi, o Gana (fonte: Público, 20 de Setembro, "África está melhor", de Inês Campos e Luis Mah). Conseguirá a África sair do ciclo de destruição que o colonialismo potenciou?

À BEIRA DO PESADELO?

Este reforço da direita e da extrema direita na Suécia não é um facto isolado. Áustria, Bulgária, Dinamarca, França, Hungria, Itália, Holanda, Noruega, Suíça vivem situações semelhantes: a entrada de partidos de extrema-direita, racistas e xenófobos, nos parlamentos, por vezes com votações muito elevadas. E se na Alemanha e Inglaterra ainda o não conseguiram, também aí têm vindo a crescer. Estaremos a caminho de um novo e terrível pesadelo mundial? Ganhará a questão dos ciganos em França uma nova "luz" neste contexto?

VAMOS!

MITOS "BONS" QUE SE ESFARELAM…

Desde adolescentes que a Suécia enche a nossa imaginação — pelo menos a da minha geração. Não só pelas suecas — louras, altas e "livres" — com que sonhávamos (nós, os rapazes; não consta que as raparigas tivessem a mesma idolatria pelos suecos…), mas também pela sua liberdade e tolerância — constituiu local de refúgio para muitos que fugiam à guerra colonial (e outras em outros países) e como exemplo quase perfeito de uma social-democracia de esquerda. É verdade que na nossa voragem marxista-leninista os social-democratas, mesmo os de esquerda, eram os "recuados" face ao sol que se libertaria do socialismo real. Com o desmoronar dessa ficção socialista, o estado social sueco (e de outros países escandinavos) ganhou foro de um ideal ao nosso alcance, ao alcance dos portuguesinhos que desse estado social conheciam um mero arremedo. É nessa Suécia idolatrada que a direita, pela segunda vez consecutiva, ganha as eleições e, pior do que isso, um partido racista e xenófobo entra para o parlamento (teve quase 6% dos votos) e pode vir a ser aliado na formação do governo. Estará o sonho sueco à beira do fim? (Salvar-se-ão ao menos as suecas?)

terça-feira, 21 de setembro de 2010

VAMOS LÁ OUTRA VEZ

A iniciativa VAMOS tem um cunho de sadia originalidade... e de risco.
Pensada por uns tantos "maduros" da intervenção cívica, vive sobretudo da genica e coragem de malta nova, sobretudo dos "precários". Consiste em uma pequena concentração no Largo de São Domingos (em frente à "ginginha") procurando questionar os "passantes" sobre temas de grande actualidade social. Na 5ª feira passada foi a questão da pobreza — e a Myriam, que eu não conhecia, portou-se que nem uma leoa, provocando e aguentando todas as provocações e dificuldades. Podíamos ser mais, certamente. Mas a intenção não é "falar" para dentro" mas sim tentar que outros falem. Na próxima 5ª feira, — é sempre à 5ª feira — lá estaremos de novo, no mesmo sítio, a partir das 17h30. Dê lá um salto e participe. Desta vez o tema vai ser "o Estado social, os serviços públicos". Aproveite este cheirinho a novidade. E se a Myriam continuar em forma, vai ser "aquele show"!

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

AGUIAR BRANCO

A televisão (não recordo qual o canal) trouxe a informação: em consequência de um grave acidente na Mealhada, os automobilistas estiveram parados algumas horas. Mas não todos: escoltado pela GNR um carro saiu da “bicha” e lá seguiu o seu caminho em direcção ao Norte. Era o Sr.. Deputado Aguiar Branco. A “populaça” protestou, com “carradas de razão”. É verdade que os deputados têm alguns direitos “extra”, mas não consta que entre eles esteja o ser privilegiado em circunstâncias como estas. Aguiar Branco teria a mesma pressa e as mesmas razões que outras centenas de automobilistas retidos. O seu comportamento foi um abuso de poder. Assim se vai destruindo a imagem dos políticos – acabam por pagar todos os erros do comportamento de alguns. De Aguiar Branco, neste caso.

domingo, 19 de setembro de 2010

A QUESTÃO DOS CIGANOS E O LAMENTÁVEL COMPORTAMENTO DA NOSSA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

Como altos responsáveis da União Europeia têm vindo a sublinhar, a expulsão dos ciganos decretada pelo governo francês - expulsos porque além de estarem ilegais são de "raça (passe o anacronismo) cigana - de facto não consta que ilegais de outras origens tenham tido o mesmo tratamento - constitui um grave atentado aos direitos humanos universalmente consagrados e de que se supõe que a Europa, nomeadamente a UE, seja defensora acérrima. Os nossos deputados da direita e a maioria dos deputados do PS preferiram subordinar a clara denúncia da violação dos direitos humanos à diplomacia do politicamente correcto, escondendo-se atrás dos futuros resultados de um inquérito que estará em curso. Direitos humanos não podem estar dependentes de inquéritos politicamente trabalhados: têm de ser princípios éticos absolutos. Faltou a esses deputados "coluna vertebral."

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

PRIMAVERA #13
















Fotografia de Felizarda Barradas, professora, dirigente do SPGL e fotógrafa.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

ESSES INGLESES TÊM RAZÃO!

Se o Vaticano tem em seu poder informações importantes que permitam castigar juridicamente os padres pedófilos, é perfeitamente legítimo exigir que esses dados sejam fornecidos às polícias dos países onde esses crimes foram praticados. Caso contrário, estaremos perante uma obstrução à justiça e o "arrependimento" propagandeado pela igreja católica não passa de um acto inútil e obsceno. Será preciso que um qualquer Baltazar Garzon mande prender o Papa por obstrução à justiça?
A propósito: que é feito do luso Padre Frederico, o da Madeira, pedófilo e assassino, que o então Bispo do Funchal conseguir por no Brasil, são e salvo?

MANOBRAS DE DIVERSÃO CONSTITUCIONAL?

Confesso que sou um bocadinho obsessiva com questões de rigor linguístico, mas acredito piamente que a política também passa por aí. Por isso, esta pré-temporada da revisão constitucional cheira-me a esturro por todos os lados.
Parece-me (e parece-me que também parece ao Jorge Miranda, pelo que disse ontem na Sic Notícias) que, legalmente, "justa causa", "razões atendíveis" e "razões legalmente atendíveis" significam precisamente o mesmo: que a legislação laboral tem de transpor a cláusula constitucional da não arbitrariedade no despedimento. É certo que "causa justa" remete para um sentido de justiça social, mais ténue na fórmula "razões atendíveis", mas o conteúdo definido dessa justiça vem exposto do código do trabalho, quando estabelece concretamente o que se entende por "justa causa" ou "razão atendível", e a verdade mais aterradora é que não é necessária qualquer revisão constitucional para impor a liberalização dos despedimentos. Enquanto nos deixarmos levar pelo engodo de que a "justa causa" remete para uma noção absoluta de justiça e não para um conceito jurídico indefinido, o PSD vai-nos preparando para um programa de governo neoliberal que não causará grande choque e permitirá, por exemplo, que se mantenha a "justa causa" na Constituição enquanto se altera o código de trabalho de forma a permitir que as "razões atendíveis", nada justas, que têm vindo a ser propostas sejam inscritas na legislação — porque nada impede que sejam definidas como "justa causa" (julgo aliás que esta estratégia do "primeiro estranha-se, depois entranha-se" também se aplica ao discurso absolutamente ilógico de que é acabando com a estabilidade no emprego que se combate a precariedade, que tem sido repetido até à exaustão pelos líderes do PSD…).
Aliás, o que menos percebo é que isto seja sequer discutido: basta ao PS dizer não, e não há revisão constitucional. Entretanto, vem aí o orçamento de Estado, e já se fala em mais medidas de austeridade, e temo que os ataques aos direitos mais básicos sejam feitos sob a alçada da bandeira do "Estado social", e que respiremos de alívio perante mais fragilidade na contratação, a liberalização total do recurso aos recibos verdes e a diminuição das prestações sociais… porque a "justa causa" permanece (e bem!) na Constituição!
Espero sinceramente estar muito enganada. Mas esta coisa de acharmos que os outros são todos estúpidos (quantos dedos de testa é preciso para perceber que a Constituição não pode remeter para nada que não seja legalmente atendível?!) é do mais perigoso que há em democracia. E eu tenho medo — da estratégia do PSD e do oportunismo do PS. E da falta de rigor na discussão, que é das técnicas de marketing político mais eficientes, como se tem visto.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

TE RECUERDO VICTOR

Mataram-no há 37 anos.

DURÃO BARROSO, O MESTRE DA SOFÍSTICA

Se a informação do Público (de 15 de Setembro, p.7) é correcta, o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, considera que com a análise prévia da UE aos orçamentos de cada país os deputados (desses países) ganham mais poder… porque têm mais conhecimento (leia-se: conhecem antes o que a EU lhes fará se não se sujeitarem…)! A Durão Barroso terão ensinado o (duvidoso) pregão “saber é poder”, e raciocinou como o seu inquestionável rigor: se saber é poder, se os deputados souberem o que a UE lhes impõe para os orçamentos dos seus países, eles ficam com mais poder porque têm mais conhecimento. No limite ficarão com o poder máximo – o de sujeitarem os seus orçamentos à vontade da UE. É pois falso que esta norma de “vigilância prévia” diminua o poder dos deputados e da Assembleia de cada país…
Não irei procurar melhor exemplo para explicar aos meus alunos o que é um raciocínio sofístico!

A BIGBROTHERIZAÇÃO DO NASCIMENTO

Na segunda-feira a SIC estreou um novo programa da tarde, chamado "Boa Tarde". Sabendo nós de antemão que este não é horário para programas ilustres, não deixa de ser significativo que a apresentadora, Conceição Lino, se tenha dado ao trabalho de entregar a carteira profissional antes da estreia.
E, de facto, o primeiro programa (disponível aqui e aqui) conseguiu não só ser um expoente de mau gosto, como ainda da violação dos princípios deontológicos do jornalismo. Transmitir um parto e uma cesariana em directo é por si só de um voyerismo que diz muito do respeito que a estação tem pelos espectadores e pelos mais directamente envolvidos; mais grave ainda é que tudo isto se tenha passado em hospitais públicos (Santa Maria e Hospital de Beja), com a anuência das administrações e dos profissionais de saúde.
A ideia de que um parto, ao qual só pode assistir por lei um acompanhante (impedindo-se, por exemplo, a assistência em simultâneo do pai e de uma doula, profissional especializada no apoio às mães), possa ser realizado com uma equipa de televisão na sala, com uma repórter imbecil a falar constantemente e a médica em amena cavaqueira com o mundo exterior é ainda mais assustadora se tivermos em conta que um dos nascimentos aconteceu por cesariana. Cada um tem direito a expor-se como quer (embora seja um requinte de malvadez abordar uma mulher em trabalho de parto com uma proposta deste calibre), mas é ou não obrigação de qualquer serviço de saúde garantir as condições ideais a todos os actos que nele se praticam?
A Humpar já reagiu, com um comunicado que diz praticamente tudo - só não refere o triste espectáculo que é assistir em directo a tamanho manancial de más práticas no que ao nascimento diz respeito, mas isso é outra conversa (bem mais útil e necessária, note-se).
Quando a realidade insiste em imitar a comédia o resultado é sempre grotesco.


terça-feira, 14 de setembro de 2010

PRIMAVERA #12















Fotografia de Felizarda Barradas, professora, dirigente do SPGL e fotógrafa.

ESTÁ TUDO NOS CONFORMES (2)

Segundo um documento elaborado pelo FMI e pela OIT a crise terá lançado para o desemprego mais de 30 milhões de pessoas. Dramático? Não, dirão os “economistas” (não desempregados, é óbvio). É apenas o custo da reestruturação do tecido económico, explicarão do alto da sua ignara sabedoria. E não se preocuparão em acrescentar outros tantos milhões desde que a bolsa suba e o deficit desça. Viva a economia, abaixo as pessoas. Não é bonito?

QUEM TEM MEDO DA PAZ?

Em 5 de Setembro, a ETA emitiu um comunicado em que fez saber que "há alguns meses tomou a decisão de não levar a cabo acções armadas ofensivas." A declaração ficou aquém das expectativas, ao não corresponder ao apelo da Declaração de Bruxelas, que pedia um "cessar fogo permanente e incondicional", mas é sem dúvida um passo importante rumo a um processo de paz digno desse nome. Sobretudo porque nasce da pressão da esquerda abertzale, empenhada em criar as condições para reproduzir algo semelhante ao que aconteceu na Irlanda do Norte nos anos 90. Figuras centrais nesse processo, como Gerry Adams, John Hume e Brian Currin, já vieram a público apelar a uma resposta positiva por parte do governo espanhol.
Sendo compreensível que haja cautela e algum cepticismo, a reacção dos principais partidos espanhóis deixa muito a desejar: apelidar o gesto de meramente "insuficiente" e exigir da ETA uma declaração de cessação das actividades militares sem que esteja no horizonte um processo político é, na melhor das linguagens, um tiro no pé, como ficou bem claro na Irlanda, onde os entraves que foram sendo levantados à participação do Sinn Féin nas negociações quase fizeram descarrilar todo o processo. Um processo de paz não é um passo de magia nem o momento de apontar o dedo e trocar galhardetes de sofrimento; é um processo lento, que visa sobretudo garantir que existe confiança mútua numa dinâmica democrática a longo prazo.
Aliás, comparando a história recente do País Basco e da Irlanda do Norte torna-se claro que a opção por ilegalizar os partidos políticos com ligações aos movimentos armados apenas isola quem tem a possibilidade (e a vontade) real de inverter a estratégia de violência. Alguém acredita que é ilegalizando partidos, proibindo manifestações em prol de direitos cívicos e reagindo a um passo na direcção certa, por tímido que seja, realçando a fragilidade actual da ETA e reiterando a aposta nas soluções securitárias (que aumentam o potencial de conflito) que se incentiva a base de apoio da ETA a acreditar na viabilidade de processos exclusivamente democráticos? A responsabilidade de decretar um cessar fogo permanente e "suficiente" cabe exclusivamente à ETA, mas quem o deseja de facto deve tudo fazer para que ele se torne uma realidade.
A paz no País Basco e no Estado Espanhol não se resume ao silêncio da armas da ETA. Se assim fosse, há muito que as não havia. Neste momento, existe no País Basco a vontade de pôr termo a um quotidiano saturado de violência — que é real porque não é imposta, mas fruto da consciência de que a violência é um círculo vicioso terrível, que mais não faz do que agudizar o conflito. Não reagir positivamente aos esforços da esquerda abertzale é dizer a toda essa gente que não vale a pena mudar de estratégia, porque não há alternativa ao léxico do "terrorismo".
A primeira tarefa da comunidade internacional é deixar bem claro a todas as partes que não admitimos que a violência, venha ela de onde vier, seja um trunfo político para quem não tem coragem para se imaginar para lá das bombas e das próximas eleições.

(Publicado no Esquerda.net)

ESTÁ TUDO NOS CONFORMES!

Duplicou o número de trabalhadores com salário em atraso, atingindo sobretudo os que recebiam menores salários. Aumentaram os vencimentos dos que ganham mais de 3000 mensais. Querem mundo mais justo do que este?

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

VAMOS!

VIVA A JOANA LOPES!

Dizia prof.ª Joana Lopes à revista Pública de 12 de Setembro: "As vantagens da utilização da Net para os mais velhos são exactamente as mesmas que para todos os outros! Porque não seriam? Os 'velhos' são adultos como os outros. A última coisa de que os idosos precisam é de discriminação e de paternalismo." É mesmo isso. Não é que eu seja um bom exemplo: quem me conhece sabe da minha dificuldade nestas coisas da informática que, contudo, considero uma ferramenta inadiável e interessantíssima. Mas enfim, cá vou mantendo o meu blogue, faço "uma perninha" no facebook e navego um pouco pela Net. Tudo isto, claro, pressionado pelos mais novos — nomeadamente a minha filha.
Joana Lopes: este que foi seu aluno (fraquinho) de Lógica, promete ser um aluno aplicadíssimo nos seus futuros cursos de Net para seniores!

domingo, 12 de setembro de 2010

11 de SETEMBRO

Os Estados Unidos da América recordam com justificada tristeza e revolta os ataques terroristas de que foram vítimas há 9 anos. Os ataques terroristas foram actos infames e merecem firme condenação de todos os que amam a liberdade. Mas esses mesmos que amam a liberdade não podem esquecer um outro 11 de Setembro — aquele em que, com o apoio e envolvimento directo do governo dos EUA, os fascistas chilenos derrubaram o governo eleito chefiado por Salvador Allende, sujeitando os democratas chilenos a anos de tortura e de martírio. É justo que os norte-americanos chorem os mortos do seu 11 de Setembro e exijam a punição dos culpados; é igualmente justo que os chilenos chorem os seus mortos e os deportados e os torturados e que também eles exijam a punição dos culpados — e entre eles estão os que então governavam os EUA.

PRIMAVERA #11















Fotografia de Felizarda Barradas, professora, dirigente do SPGL e fotógrafa.

UMA DAS COISAS QUE MAIS ME INCOMODA É A DESONESTIDADE INTELECTUAL!

Por Helena Dias

Num artigo que ainda não está disponível online, o sr. Rodrigo Queiroz de Melo, Director executivo da Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo, escreve despudoradamente que, se em vez do Estado gastar os cerca de 5000 euros por aluno/ano, financiasse directamente os pais, dando-lhes a possibilidade de escolha de um estabelecimento de ensino particular, se pouparia imenso dinheiro. Este não é um lugar para fazer uma análise exaustiva deste desplante, mas é um bom sítio para mostrar a minha indignação.
O senhor em causa não diz que o investimento que o Estado português faz em educação é inferior à média dos países da OCDE, conclusão que faz parte do mesmo estudo, onde o dito senhor foi buscar os números de que fala (Education at a glance). Também não diz, nem lhe convém que se pense, que o investimento na educação é sempre redistributivo dos nossos impostos, devendo ser aplicado de uma forma que nunca pode nivelar todos os cidadãos pela mesma bitola de custos. Só a título de exemplo, se eu tenho um filho portador de qualquer deficiência, tenho o direito que o Estado lhe garanta uma educação de tanta qualidade quanto a de qualquer outra criança, sem quaisquer considerações sobre os custos maiores a que uma deficiência obriga. O Estado tem de garantir igualdade de oportunidades e uma escola que mobilize a cooperação contra a competição, a inclusão contra a exclusão e o preconceito.
E, já agora, os nossos impostos não são para ser aplicados a pagar os lucros que os estabelecimentos privados de educação têm de ter, precisamente porque é para os ter que eles foram criados!
Afinal, a "subsidiodependência", um termo inventado por esta
mesma gente, é apenas para aplicar à cultura ou ao movimento
associativo?
Querem lucros? Pois que os vão buscar ao sacrossanto mercado, submetendo-se à lei da oferta e da procura, e que não façam de nós estúpidos!

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

SOBRE OS CURSOS PROFISSIONAIS

O primeiro-ministro, que nisto da Educação não ultrapassa, em conhecimento, o mais vulgar senso comum, congratulou-se com a crescente importância que, segundo ele, se está agora a dar aos cursos profissionais que teriam salvo a escola pública. Era bom que assim fosse. Mas a realidade não é tão cor de rosa: as turmas dos cursos profissionais continuam a ser, na sua globalidade, as turmas dos alunos que fracassaram no percurso dito normal. São turmas excessivamente protegidas pela legislação para que o sucesso seja praticamente obrigatório mesmo sem grandes aprendizagens (diga-se também que, por deles estarem dispensados, são as turmas que permitem a melhoria global das notas nos exames do 12.º ano). São turmas que dão cabo da cabeça dos professores… Não deveria ser assim. Mas a realidade é bem mais forte do que as encenações de Sócrates…

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

CHANTAGEM NÃO É NEGOCIAÇÃO

O Ministério da Educação e o Governo garantiram que o processo de encerramento das escolas do 1.º ciclo com menos de 20 alunos só se faria com a concordância das autarquias e dos pais. Só que… nos casos em que as autarquias não concordaram, o ME decidiu que não colocaria aí os professores necessários, pelo que essas escolas têm mesmo que fechar. É difícil encontrar um exemplo mais claro do que é uma chantagem!

terça-feira, 7 de setembro de 2010

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

FALAR VERDADE SOBRE O DESEMPREGO. MAS TAMBÉM SOBRE O EMPREGO.

O Presidente da República foi sibilino: é preciso dizer aos portugueses a verdade sobre os números do desemprego. Afirmação que nas entrelinhas é uma acusação ao governo que, através do inefável Valter Lemos, pôs em causa os números divulgados pelo Eurostat. Números que de resto, são apenas uma parte da dramática realidade. É um bom recado. Mas se o drama do desemprego é, sem sombra de dúvidas, o mais chocante, deve também dizer-se a verdade sobre a má qualidade do ”emprego” que se cria – cresce a precariedade, impõem-se salários baixíssimos, pululam os recibos verdes, põem-se em causa os direitos de quem trabalha. A consigna da CGTP – “Direito ao trabalho, trabalho com direitos” nunca se mostrou tão importante!

sábado, 4 de setembro de 2010

A CARVALHESA

Se os partidos valessem pela qualidade musical dos seus hinos, a Carvalhesa colocaria o PCP no topo. A versão popular e guerreira é excelente, como excelentes são as "variações" eruditas e intelectualizadas dlo António Vitorino de Almeida que pude ouvir na festa do Avante.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

A CIGANICE DE SARKOZY


Crónica de Ricardo Araújo Pereira na Visão de 26 de Agosto

A crise económica que o mundo vive é complexa, e não é fácil apontar com exatidão o momento em que terá principiado, mas o governo francês já identificou os seus responsáveis: são os ciganos. A descoberta não terá apanhado ninguém de surpresa. A bem dizer, todos sabíamos do papel que os ciganos desempenharam no descalabro financeiro norte-americano e, subsequentemente, mundial. O conselho de administração do banco de investimento Lehman Brothers era integralmente constituído por ciganos. Uma das razões da falência do banco foi, aliás, o facto de os seus administradores só pegarem ao serviço à tarde. De manhã estavam na feira, a vender T-shirts de contrafação. Bernard Madoff, cuja tez morena é bem reveladora de ascendência cigana, confessou ter planeado o seu esquema fraudulento ao som dos Gipsy Kings. E subprime é um termo do dialeto cigano que significa "ai, Lelo, vamos conceder empréstimos imobiliários de alto risco até provocar a insolvência de três ou quatro grandes instituições financeiras".
Ninguém sabe bem a razão pela qual os gregos elegeram um governo de ciganos, mas o facto é que eles estão lá, a fazer crescer a dívida externa e a arrastar a Europa para a falência. E Sócrates, não sendo cigano, é, no entender de muitos, um ciganão. Creio que é óbvio para toda a gente que a crise económica é mundial precisamente porque os ciganos, sendo nómadas, conseguiram levá-la a todo o lado.
É mais do que natural e justo que o governo francês tenha perdido a paciência com os prejuízos que esta etnia tradicionalmente ligada à alta finança tem provocado e, por isso, como costuma suceder em França com os estrangeiros que não têm categoria suficiente para representar a seleção francesa de futebol, os ciganos foram recambiados para o seu país de origem. País esse que, neste caso, é a Roménia - que faz parte da União Europeia. É azar: os ciganos, que são um povo sem fronteiras, têm algumas dificuldades para circular na Europa sem fronteiras. Ainda assim, um povo tão habituado a ler a sina deveria ter adivinhado que isto da livre circulação de pessoas iria ser prejudicial para quem é nómada. Era mais que óbvio.
Não ignoro que a medida de Sarkozy tem sido criticada, mas apenas pelos radicais de esquerda do costume. Como o Papa. A verdade é que os ciganos só trazem problemas. Recordo que o cigano mais famoso de sempre era estrela de cinema. Chamava-se Charlie Chaplin. Se bem me lembro, era raro o filme em que ele não arranjava problemas com a polícia. Aquilo está-lhes no sangue.

Concentração contra a Expulsão de Ciganos em França
Sábado, 4 de Setembro, às 15h30
Embaixada de França
Rua de Santos-o-Velho, 5
Lisboa

MORTE DE INOCENTES

Que uma população que vive em condições de miséria se revolte contra aumento dos preços dos bens essenciais é não só natural como legítimo. E obviamente esses populares não estão em condições de entender as razões económicas que provavelmente tornaram esses aumentos inevitáveis. Mas o que me chocou foi ver nos telejornais um polícia moçambicano a disparar friamente sobre manifestantes desarmados e indefesos. Até me podem dizer que não era com balas reais… Mas o simples gesto de, a sangue frio, disparar sobre gente a quem a fome obrigara a manifestar-se — muitos eram crianças — deu-me mesmo a volta ao estômago. Oficialmente "só" morreram dez manifestantes. Já nem fome se pode ter?

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

...

100 cidades pela vida de Sakineh.Lisboa.by Valerie Mitteaux and Raquel Freire from raquel freire on Vimeo.

IRAQUE: UMA VITÓRIA MILITAR, UMA GRAVE DERROTA POLÍTICA

Oficialmente, o exército norte-americano terminou ontem (31 de Agosto de 2010) a sua missão no Iraque. Nunca esteve em causa a sua superioridade bélica, pelo que a derrota militar das forças do Iraque era inevitável. Mas a "campanha" tem um final desastroso. Deixa o Iraque num estado de guerra civil, incapaz de impedir a violência étnica, religiosa e política, fica-nos um Iraque onde, passado meio ano após as eleições, ainda não foi possível constituir um governo. Nada nos garante que o Iraque não se torne numa nova Somália, caldo óptimo para o desenvolvimento do terrorismo internacional.
A campanha norte-americana exauriu e destroçou o Iraque; mas debilitou igualmente a ONU e, em geral, toda a comunidade internacional: tratou-se de uma guerra ilegítima, de pura agressão a um país soberano, decidida à revelia das estruturas políticas internacionais.
Vergonhosamente, Portugal ficará ligado a esta guerra ilegítima devido ao apoio acocorado do então primeiro-ministro Durão Barroso à vontade de Bush. A União Europeia contará entre as suas vergonhas o ter eleito esse mesmo Durão Barroso para seu presidente. São tristes estes tempos.